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Poesias-->A FORÇA PSÍQUICA DO SEXO -- 05/12/2001 - 06:55 (wladimir olivier) |
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Pensei em compor um mito,
expressando algo profundo.;
é lamentável que não o possa fazer,
porque seria plágio o que diria.
Na Índia (talvez não fosse lá),
existiu outrora (não sei se está existindo ou se venha a existir — talvez nunca existisse)
um casal apaixonado.;
e os jovens (não sei se tinham idade)
comungaram a felicidade transitória do ser
completos em si mesmos.
Mas não sabiam que eram felizes
e pensavam que tudo era natural
e esqueceram que o mundo existia (talvez não exista)
e que Deus existia (é o fulcro da questão).
Consumiram toda a possibilidade de transformar energia em força,
em prazer.
em felicidade,
e penetraram na inconsciência geral da matéria.
(Não sei se ainda são felizes.)
Eis aí o que diria se compusesse um mito.
Ultimamente, tenho procurado a emoção
e me desesperado por não reencontrar a poesia:
tudo é tão prosaico.;
tudo vem tornando-se prosa.;
tudo está positivando-se,
concretizando-se.
Já não lembro que estou vivo:
apenas penso.;
esqueci as feições dos rostos das mulheres que amei,
platonicamente, é certo,
mas amei, com toda a força do meu ser.
Talvez ainda ame,
mas tudo está tão indefinido,
tão enevoado,
Aos poucos, vou enrijecendo-me,
vou mecanizando-me.
Deus, faze com que eu descubra algo,
mesmo que seja a morte.
Eu já estou preparado para deixar o mundo.
Sou bom. Não é tudo?
Respeito a existência.
Conheço a natureza.
Sou sério.
Estudo.
Não são qualidades para ganhar o céu?
Choro pelos que sofrem.
Alegro-me com os alegres.
Conforto os que se desesepram.
Que mais é preciso?
Prejudicar-me-á o suicídio?
Serei punido por dispor da vida que não pedi?
Serei covarde?
Apenas não tenho minha companheira.
Não sei onde ficou.
Talvez tenha ela olhado para trás
e o sal se desfez em pó.
É isto: não posso esquecer a existência.;
não posso universalizar-me na comunhão da matéria.
Não sou feliz:
eu transcendo a natureza de Deus
e dos homens.
Estou fora de tudo.
Tudo porque não me conformo com a mediocridade de meu espírito,
com a inferioridade do meu eu, com a supremacia de todas as coisas.
Deus, ajuda-me: preciso vencer-me!
16.05.58.
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