O Â-Â e o Âh-hã são expressões largamente usadas e tem significado conhecido. O primeiro é uma negativa e sua intensidade dependerá da entonação. O segundo uma concordància. Estas expressões são usadas em muitas situações. A assertiva mais, pelo que noto. Serve para substituir um sim e serve para avisar o interlocutor de que entendemos o que ele queria dizer. Ou fazê-lo pensar assim.
- Ãh-hã
Sua aplicação mais importante no entanto é o de negar ou afirmar, discordar ou concordar com o que nos dizem os outros quando se está com a boca cheia, ou ocupada.
- Aqui?
- Ã-Ã, mais pra lá
- Ãh-hã
Há situações clássicas. Destaco duas. Uma delas ocorre nas churrascarias com serviço em rodízio. Você sabe, estas em que o pessoal fica passando e oferecendo de tudo. Você está atracado a uma costela de porco, mãos, dentes e mente ocupada com a iguaria, algum limão escorrendo pelo queixo, só um pouquinho, e você já não sabe com que mão vai pegar o guardanapo. O passador - assim se chama o rapaz que oferece as carnes - vem e oferece uma costela de gado, daquelas que o motivaram a ir à churrascaria. O que fazer, você quer dizer sim, mas precisa dizer não. Não pode ser um não qualquer que faça o rapaz esquecer da sua mesa. Você tem que dizer um não com elegància. Soltar a costela de porco, nem pensar. Não há tempo. O que fazer? Nestes casos, em que você precisa negar e está com a boca ocupada, basta usar o "Ã-Ã", preferencialmente mexendo com a cabeça horizontalmente. Dependendo da sua expressão facial ele poderá interpretar como um volte mais tarde, ou como um "nem pensar, não gosto de costela de gado". O problema é se você está engolindo o limão e faz a cara errada. Ele pode ficar magoado e nunca mais voltar, nem com costela, nem com banana à milanesa.
A outra situação clássica ocorre quando se está na cadeira do dentista. Por algum motivo que desconheço, a maioria dos dentistas gosta de conversar. Acho bom, eles querem relaxar o paciente. Imagino que faça parte da estratégia profissional. O que não entendo é por que insistem em fazer perguntas. Poderiam contentar-se com uma dissertação sobre a importància da odontologia e os fundamentos da ortodontia e a endodontia e todas as tias do pessoal do prédio, mas fazer perguntas é maldade. Maldade ainda maior quando faz a mais infame das perguntas, feita como se a resposta já não estivesse na face do cliente.
- Está doendo?
Há muitas respostas nesta situação, mas o melhor mesmo é ficar com o bom e velho "Ãh-hÃ.