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Cronicas-->1870 - Palitos -- 03/07/2016 - 14:04 (Jairo de A. Costa Jr.) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Cabeça longe e caminhando pelo Graal da Rodovia Bandeirantes cinquenta e oito, querendo um café, algo me chama a real – Nossa, que mulherão! Pensei comigo ao ver uma moça dessas de chamar atenção de qualquer um, sem maiores interesses e só por chamar a atenção pelo porte, pela calça meio apertada e por uma blusa de frente única ajudando a mostrar a falta de lingerie, mais um saltão. Descrição sem querer macular a imagem dela, que formava uma situação bonita de se ver, até eu perceber que ela estava palitando os dentes e conferindo o que tirava deles...

Uughh! Nossa, que decepção! Que tristeza de se ver e chamado à atenção pela atendente do balcão do Route Café soltei quase um lamento – Um expresso pequeno com leite e virei-me na esperança de não ser verdade o que eu tinha visto. Só que era e continuava em operação a operação do cuidado com os dentes. Desisti de olhar, peguei o café e tomei sem senti-lo.

Não foi a primeira vez que vi alguém palitando os dentes; poderia dizer que vi milhares, quando tal procedimento era usual e até estimulado pela quantidade de palitos que os restaurantes, bares, etc colocavam a nossa disposição. Hoje não se vê mais e quando se vê ele está disfarçado numa embalagem unitária e eu recomendo se precisar dele, o guarde no bolso e vá palitar escondido no banheiro, de preferência atrás da porta.

Atualmente considerado deselegante, o palito de dentes já teve seus momentos de glória e mesmo condenado, alguns preferem usá-lo no lugar do fio-dental. Usem-no, porém escondido e não como a moça bonita acima. Palitos de dentes integram as sociedades desde muito e até antes dos seres humanos, pois em fósseis de mais de vinte e nove mil anos foram encontradas marcas deles, os palitos. Costume de Neandertal.

Quando comecei a viajar com meu pai e via um gaúcho com toalha no pescoço e palito nas mãos eu achava o máximo. Aquela caminhãozada, aquele povo todo, após o almoço conversando e alguns palitando os dentes sem o uso das mãos, era mais máximo ainda e pensem isso na cabeça de uma criança. Essa imagem é minha e foi poderosa, somada a do meu pai palitando também enquanto dirigia. Não desenvolvi essa habilidade, mas bem que tentei, confesso. Depois os dentistas me comandaram ao fio-dental e hoje tenho pavor de palitos, nem para pegar uma azeitona sequer.

A favor deles, são os mais antigos instrumentos de higiene bucal e conhecidos em todas as culturas, eram conhecidos na Mesopotâmia e hoje são de madeira, mas já foram de bronze, de prata, de ouro e brilhantes, considerados joias esculpidas artisticamente para reis e rainhas, com a delicadeza necessária.

A maneira como os conhecemos atualmente saiu da ideia de Charles Forster, que se tornou o primeiro fabricante de palitos de dentes em escala mundial. Temos parcela de culpa, já que a ideia saiu de uma viagem dele a Pernambuco, quando ele ficou fascinado pelos belos dentes das brasileiras pernambucanas e o segredo é que elas faziam higiene bucal usando palitos de salgueiro, uma árvore de galhos longos e finos e as escovas de dente, mesmo existindo eram difíceis de encontrar. Percebendo o mercado e a necessidade contratou um inventor e criou uma máquina para produzi-los.

Isso por volta de mil oitocentos e setenta e sua fábrica produzia um milhão por dia, haja dentes. Para vender essa palitada toda armou uma tática simples, contratou estudantes rapazes e garotas para comerem em restaurantes de Boston e depois pedirem os palitos não disponíveis. Aí, ele chegava para vendê-los. Entenderam? Aqui, entre nós, quem domina o mercado é a empresa A. Rela que ninguém conhece, contudo quem já não viu uma caixinha de palitos Gina, com aquela moça sorridente de nome Zofia Burk e o nome Gina homenageia a mãe dos donos e neste domingo três de sete de dezesseis, pesaroso com a imagem daquela moça palitando os dentes, recomendo usá-los escondidos, mas se quiserem...


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