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Discursos-->BRIZOLA, PARA QUEM NÃO CONHECEU -- 28/06/2004 - 17:40 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

BRIZOLA, com todo o respeito às opiniões contrárias...
(Por Domingos Oliveira Medeiros)

Tenho, como todo mundo, minhas convicções políticas; mas, diferente de muita gente, não sou intransigente e nem obsessivo em relação aos líderes políticos que admiro. Por isso, não posso concordar com alguns colegas que aqui se manifestaram - no meu modo de ver, de forma inadequada e inconsistente -, sobre o grande brasileiro Leonel de Moura Brizola.

Dizer que Brizola “teve um papel importante na História do Brasil” é muito pouco; é desconhecer a exata medida de seu valor. Ou, em alguns casos, tentar diminuí-la.

Brizola arriscou sua vida e sua própria carreira política, quando, então governador do Rio Grande do Sul, saiu em defesa da Constituição Brasileira. Naquela ocasião, com espírito heróico e bravura inigualáveis, insurgiu-se contra o golpe militar que se armava para impedir a eleição de João Goulart, em decorrência da inusitada renúncia de Jânio Quadros, no episódio conhecido como a “Campanha pela Legalidade”.

Queriam mudar as regras do jogo. Indiferentes aos ditames da Carta Magna que determinava, de forma clara, que em caso de impedimento do presidente da República, assumiria o vice, no caso, João Goulart. Simples e transparente. No entanto, os desafetos de Brizola, quando a ele se referem, não se prestam a estes esclarecimentos

Ainda no governo do Rio Grande do Sul, tem o episódio da ITT, a multinacional americana que detinha a concessão para transmissão de energia, segundo o governador, em condições desvantajosas para o Estado. Que fez o governador Brizola? Muito simples: com base no direito discricionário que é conferido à Administração Pública, cassou, na forma da lei, a citada concessão, restabelecendo a nacionalização daqueles serviços. A partir de então, o governador Brizola começou a sofrer uma série de perseguições; e tudo porque teria contrariado interesses do governo norte-americano.

Brizola teve toda a sua vida devassada. Gente poderosa e importante, muito fizeram para acabar com sua carreira política. Grupos de militares compromissados com outros ideais, políticos, jornalistas, enfim, gente do poder, como um todo, tentaram e tudo fizeram para por um fim a trajetória persistente de Brizola.. Sem êxito. Não encontraram qualquer indício capaz de macular sua reputação ou conduta; se fosse assim, evidentemente, tal a pressão que lhe foi imposta, durante anos e anos, Brizola já teria respondido a vários processos e amargado algumas prisões. Durante sessenta anos agiram dessa forma. E Brizola nunca foi sequer citado em qualquer escândalo do tipo daqueles que, hoje, inundam as páginas dos jornais.

Restaram as calúnias e as difamações. Expressões como “persona non grata”, “caudilho”, “populista”, “utópico”...vieram e continuam vindo, consubstanciadas em argumentos falaciosos, como o de sua “pouca capacidade administrativa”, e “”participação de pessoas incompetentes em seu governo”. Mais uma vez, denúncias com ares de despeito ou ditadas pela falta de conhecimento de causa, quando menos.

Brizola, como todo mundo, tem lá de seus defeitos, claro! Mas não se pode negar a competência de seus aliados, como, por exemplo, Darcy Ribeiro, que, junto com o próprio Brizola, criaram mais de 500 CIEPS, que posteriormente, num processo odioso de descontinuidade administrativa, foram objeto de combate e abandono por parte do governo que sucedeu o de Brizola, bem como por seus demais adversários políticos; infelizmente, nada de melhor colocaram em seu lugar. Ao contrário, a educação pública, como um todo, está cada dia pior. Em todo o país.

E não me venham com essa de “discurso fora de moda”. Educação sempre foi a preocupação de Brizola. E educação, no seu sentido amplo, como ele pregava e fazia, nunca fica fora de moda. De outra parte, chamar de obsoleto uma pessoa que tinha a admiração e a amizade de gente como Barbosa Lima Sobrinho, Dom Freire Falcão, Oscar Niemeyer, Jacques Chirac, da França, Mário soares, de Portugal, e Felipe Gonzalez, da Espanha, não faz sentido. O único brasileiro com assento e representação na internacional socialista chama-se Leonel de Moura Brizola.

A educação, em regime de quarenta horas semanais, junto com três a quatro refeições diárias, e mais assistência médica e odontológica, foram objeto de críticas as mais diversas. No entanto, a mais contundente era de ordem econômica: diziam que o, projeto era inviável, porque muito caro.

Caro são os juros que são pagos aos agiotas internacionais. Caro é o abandono a que são expostas nossas crianças, desnutridas e analfabetas; um exército que cresce à cada ano, indiferente aos olhos de nossos “modernos” governantes, comprometidos, tão-somente, em bajular os “investidores” internacionais, por conta de manter em dia o pagamento dos juros de uma dívida sabidamente impagável, seja pelas imposições de ordem econômica, seja pelas exigências absurdas que foram estabelecidas. Situação que põe em risco as nossas crianças, vale dizer, o futuro Brasil.

Crianças desnutridas, cegas ou mutiladas por carência de vitaminas A e E, entre outras do alfabeto da fome. Acumulando seqüelas irreversíveis, em todo o corpo e na mente. Futuro do Brasil: brasileiros sem condições de aprendizado; sem condições de crescimento sadio; sem raciocínio; presas fáceis dos interesses estrangeiros. Estamos montando um país de miseráveis.

Obsoleto são os políticos de hoje, na sua grande maioria, que envergonham nossa pátria, com a indiferença como tratam a coisa pública. Com raríssimas e belas exceções, vale repetir, claro!

Obsoleto é o discurso que recomenda esperar o bolo crescer para depois repartir. Obsoletos são os escândalos que invadem as páginas dos jornais, à cada dia, numa síndrome da corrupção em todas as modalidades esportivas e que se multiplicam, com ousadia e naturalidade. Tornaram-se banais. Perdeu-se a vergonha. Não se tem mais a capacidade de indignação. Esqueceram-se o sentido de pátria e de justiça social.

Em desuso, sim, são as políticas inconsistentes dos dias de hoje. Cujos resultados amargam o aumento da criminalidade, da violência, do desemprego, tudo isso aliada à queda brusca e violenta da qualidade do ensino público. Que vive, hoje, às custas da hipocrisia das cotas para negros, índios e outras classes desprotegidas. Como se as cotas resolvessem as causas do problema: má distribuição de renda, fome, falta de assistência médica e odontológica, quando não o desamparo total.

Para encerrar este desagravo, vale lembrar que a ocupação dos presídios, no Rio e no Brasil inteiro, nada tem a ver com o ex-governador. Que o aumento do tráfico de entorpecentes, e da violência, enfim, nada tem a ver com Brizola. E nem mesmo com os governadores, em alguns casos.

A culpa maior é a do nosso chefe maior. Aliás, a bem da verdade, desse e dos antecessores. Que não dispõem de recursos ou de vontade política para resolver estas questões. Que vivem brigando para se perpetuarem no poder. E continuar com a subserviência ao capital estrangeiro e com os interesses voltados para o próprio umbigo.

Quem dera que a metade desses políticos tivessem a quarta parte da coragem, do amor ao Brasil e aos brasileiros, que teve nosso líder maior Leonel de Moura Brizola. Nosso país não estaria sendo vitimado pela falta de patriotismo. De sonhos. E daquela utopia possível que nos fala Cristovam Buarque, outro grande brasileiro preocupado com a educação, única saída para todos os nossos problemas.

Nenhum sucesso macroeconômico, nenhuma melhora de índices ou de riscos calculados por manipuladores estrangeiros, trará de volta o desenvolvimento sustentado do Brasil, se, ao lado de qualquer medida, nada fizermos, de sério e permanente, em relação à melhoria da qualidade e o aumento da oferta de educação, no seu sentido amplo, aí incluídos o emprego digno, o combate à fome e a desnutrição, com assistência médica e odontológica para as crianças, ainda no útero de suas mães.
28 de junho de 2004



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