E dizer-se que a vida é combustão energética!
Eu, onde fico? Qual minha posição? Terei de ser passivo?
Não sei nada. É pena! Poderia fazer algo de bom.;
sinto que seria capaz. Mas a pedra não se importa em ser pedra,
nem a ave em ser ave, ou a nuvem, ou o céu.
A idéia não reclama com sua natureza.
Eu, apenas eu, sinto repulsa do mundo,
como se tudo pudesse ser eu,
como se tudo quisesse ser eu,
como se tudo viesse a ser eu.
Analisando o que acabo de escrever, verifico que os problemas apresentados e as emoções sentidas são apenas transplantação inconsciente e sincera dos fatos mentais de Lucrécio. Eu, Wladimir Olivier, estou apenas aí a refletir, como se fosse outra alma do autor latino, alma esta que pulsa e vibra como deveria fazer a verdadeira alma de Lucrécio, pois o pessimismo que aqui e ali transparece em De Rerum Natura revela positivamente a necessidade de participação do eu de Lucrécio da existência. A intelectualização do problema abre caminhos para a luta da inteligência contra o sentimento, podendo romper o equilíbrio e bipartir a personalidade do homem em partes bem distintas e caracterizadas.
Assim sou eu:
eu não-eu.;
eu mais-que-eu.;
eu apenas-eu,
que choro e desespero,
que penso, que faço a vida passar por mim.
Realidade, constrangimento.;
ilogismo, esquecimento.;
arte, envaidecimento.;
consciência, superação.
15.05.58.
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