E o frio, hein... Dormi em São Miguel domingo passado e recordei os frios da minha infància, quando era mais frio que hoje, pelo menos na minha memória. Deu geada e fotos no Facebook, com a temperatura chegando aos três graus ali pela saída para Sete Barras. Até em Piracicaba, lugar quente, deu geada e foto no Mirante do rio. Neste momento, que estou ainda de repouso relativo, mas trabalhando, a Jade nossa cachorrinha está se aquecendo ao sol, apenas me olhando de soslaio.
Por falar em infància, no Jornal passado, o Miguel colocou uma foto do caminhãozinho da Bela Vista, com um descritivo da fábrica de doces, saudosos doces. Aqui por perto de mim tinha uma loja com todos esses doces, até o pirulito Zorro, aqueles suspirões e o sorvetinho de goiabada, além de todas as geleias açucaradas. Delícias!
Com o caminhão vem à lembrança do Gentil do Primo e do Zezinho Rufino, que faziam a entrega pela cidade e arredores e acrescento alguns doces - Suspiros coloridos, picolé triangular de banana, maria-mole, teta-de-nega, pé de moleque, biscoito com maria-mole, doce de leite em barrinhas, pirulito toffee, pirulito de frutas, pirulito chicle Bolet´s.
Mais outros diversos - Cigarrinhos de Chocolate da Pan, Balas Chita, Juquinha, 7Belo, Soft, Jujuba, Toffee, Kids, Drops Dulcora, Pirulito de Bola, Chicletes Mini, Bala de Goma Mentex, Chicletes Ping-Pong, Dadinho, Caramelos de Leite Nestlé, Paçoca Amor, Moedas de Chocolate da Pan.
Pesquisando, encontrei: "Foi no começo do século que o negócio de confeitos efetivamente prosperou. Foram fundados vários empreendimentos no setor: Indústria de Chocolate Lacta (1912), Bela Vista (1915), Indústria de Produtos Alimentícios Confiança (1934), Pan Produtos Alimentícios (1935), além de várias outras como a Dizzioli, Gardano, Neuza, Saccomani, etc, cujas datas de inauguração não se sabe ao certo.".
Os fabricantes de doces tinham logística parecida, que era a distribuição porta a porta pelos caminhões característicos de cada marca - Bela Vista, Neusa, Confiança, Campineira, Kids, Nechar, Pan, Lacta, Dulcora entre outras. Saudosos também são os chocolates, alguns ainda nas prateleiras - Diamante Negro, Chokito, Lollo, Sensação, Sonho de Valsa, Galak, Laka, Prestígio, Bis, Língua de Gato, Baton, Sem Parar, Toblerone, Garoto, Nhá Benta.
Quando criança eu costumava me servir dos doces no armazém do João de Araújo, depois do Acibe, ao lado do campo de bocha. A bombonière do cinema também proporcionava momentos inigualáveis, antes e durante as sessões. Mas não eram somente nesses lugares, os doces tinham por toda a cidade e tudo era motivo para tê-los à mão.
Ia me esquecendo dos doces de abóbora, batata-doce branca e roxa, cocadas, paçoquinha rolha, bananinha. Um dia, voltando de Itapeva com o pessoal da Votorantim paramos numa fábrica desses doces em Tatuí. Foi show e muitas caixas, não tem quem não goste, não é?
Essa fábrica ainda existe, na beira da rodovia e os fabricantes antigos, ou fecharam, ou foram incorporadas por outras maiores. Por exemplo, a Nechar de Rio das Pedras, hoje é Arcor, antiga também, mas na Argentina e meio nova no Brasil, grande fabricante de balas e doces; já a Chocolates Pan continua firme e a Garoto foi incorporada pela Nestlé. A Bela Vista, centenária, hoje está voltada para a produção de biscoitos. A Campineira tornou-se fabricante do biscoito Triunfo e hoje é da Danone; a Lacta da família do Adhemar de Barros agora é internacional do Grupo Mondeléz. A Nestlé continua firme, sendo uma das maiores do mundo.
Tenho a impressão que os dentistas não gostavam dos doces, deve ser por causa das cáries, porém acho que ninguém deu muita bola para eles e nesta quinta, dezesseis de seis de dezesseis, vamos aos doces, que ainda existem pelos supermercados, bares, padarias e muitos eu vi no Posto Graal da Rodovia Bandeirantes quilómetro cento e vinte e cinco...
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