À frente da fogueira, com o ritmo do violão, e uma branquinha, as confissões
se aproximam. Recebi a de Nataniel. Com seus cinqüenta anos e já bastante
envelhecido, confidencia-me a sua vida: Fora casado com uma linda morena,
razão de sua vida. E ela partira há pouco, com destino ignorado. Sob a luz das fogueira,
viam-se as lagrimas que desciam de seus olhos. Pediu-me uma poesia, já com
lápis e papel na mão. Não me fiz de logrado e, ali mesmo, redigi:
DESPREZADA
Na estrada da vida, foste a derrota!
Partilha do meu eterno caminhar...
Embora tardiamente, sigo outra rota,
Para de tua atração me distanciar!
Sei que sentirei de ti a ausência!
É difícil do vício o afastamento!
Mas, na privação da ingerência,
É reação natural o esquecimento !
Caminhastes pela vida sorridente!
Livres de necessidades prementes...
Agora, solitária e isolada vais sofrer!
Longe, omitida, terás uma nova vida!
Faltará o que te chamarás de querida...
E o teu destino será sempre padecer!
Outros pedidos vieram. Até de uma linda jovem, que
queria uma com seu nome, Adriana. Mais uma vez o
lápis correu:
ADRIANA (Acróstico)
Arcanjo de rara beleza!
De Deus a preferida...
Reunindo as qualidades de realeza,
Ingressou na terra entre os mortais!
Adorada e amada por todos,
Na altruística vivência ancestrais,
Alcançou na terra o seu ideal !...
Guardei a caneta...E com a minha voz aguda, dedilhando
O violão, quebrei o silêncio da noite com Sentimental!
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