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Artigos-->Os mercadores da boa vontade -- 27/07/2001 - 19:35 (Alberto D. P. do Carmo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Está muito em moda, e isso já há alguns anos, os tais cursos, palestras, clínicas, seminários, e outros ajuntamentos, onde algum sujeito supostamente iluminado, e de alforje recheado, destila um rosário de conselhos a uma platéia feita de executivos, funcionários, estelionatários, proletários, otários, etc.

Utilizam os mais variados métodos, repletos de recursos de multimídia, excursões ao campo, simulações, teatrinhos, tchauzinhos ensaiados, dinâmica de grupo e outros cenários.

O estilo tem variado conforme os tempos. No início era algo do tipo "como vencer na vida sem fazer força", ou "como influenciar pessoas", ou ainda "como ser um líder", e por aí vai.

Atualmente, a grande sacada é convencer os pobres ratinhos de escritórios, e de templos, a ficar sorrindo uns para os outros, a trabalhar, e orar, em equipe - a tal da "atitude colaborativa". Chegam a levá-los aos pântanos onde, atolados até o pescoço, aprendem a se dar as mãos - o atoleiro aqui faz o papel da crise, ou do demo.

Ah, sim. A filosofia anterior era a do "mundo competitivo". Mas acredito que os gravatinhas passaram a ir trabalhar com luvas de boxe, e daí tiveram que mudar o paradigma novamente. Mesmo porque, já nocautearam todos que podiam. A fila dos desempregados e a farra dos marreteiros que me desmintam, se puderem.

- Chega de competição, agora é tudo abraçadinho! - algum economista do MIT deve ter pensado com seus chips.

Claro, não é preciso ser um Lair Ribeiro para perceber que tudo isso é história pra boi dormir. Nem seria preciso ter um raciocínio solidário, como o do Bush, para notar que a sardinha fica melhor ao nosso lado - nosso deles, a boa e velha elite, hoje um tanto amedrontada, mas jamais saciada. Ou saber contar historinhas de passeios a Santiago de Compostela e, tal qual o Sr. Coelho - não o Neto, por favor - sair recitando conselhos triviais a uma antes alegre classe média que, de tão esfolada, engole qualquer coisa que lhe deitarem goela abaixo.

Ora, faça-me o favor! Não há nada mais fácil de se iludir do que uma turma de executivos estressados e donas de casa mal-passadas; ou executivas atarefadas e desempregados que não sabem passar, ou qualquer outra combinação deles. A receita é a mesma desde a Idade da Pedra Lascada. Há séculos sabemos disso, e um tal de Andy teve a audácia de reduzir tudo a míseros 15 minutos.

Toda essa gente quer atenção. E atenção aqui toma os mais diversos aspectos. Quer-se atenção ao salário, à saúde, às idéias, ao bimbo e à bimba, ao esqueleto, aos filhos, aos trancos e aos barrancos . Atenção para o refrão também. A lista vai longe.

Mas isso já é conversa fiada. O mundo transformou-se numa grande barraca de mercadores - uns vendem, outros compram. O problema é que a tal da mais-valia já não é mais uma rede de dois cardumes. O DNER da ONU decretou que a avenida fosse de mão-única e, infelizmente, só vai para o lado de lá. Portanto, nem adianta você tentar chiar, porque onde quer que vá, será um caminho sem volta - na contra-mão. E não me venha com bandeirolas, greves, passeatas, quebra-quebra, troca-troca, pif-paf, pique-pique, e outras manhas - não adianta ficar emburrado.

Quando aprendermos que nos bastam as coisas básicas - teto (de uma água, que seja), companhia, amor, rango, a trepada de cada dia, meia dúzia de bons livros, uma arroba de bons rebentos - e deixarmos de lado as oferendas da barraca - vibradores turbinados, carroças computadorizadas, fornos mágicos, TVs cheias de polegadas a mais (até duas seria razoável, mas só nas coxas), telefoninho de brinquedo, roupinha de escoteiro, cartão de crédito, de débito, de féretro, e outros balangandãs - aí talvez a gente pegue no tranco, ou no trabuco.

Quanto aos arautos da motivação, da auto-ajuda, das terapias, todos, e suas confrarias, trancafiá-los-íamos no berço bizantino do D.J. Marcelo, e fica o dito pelo não dito.



















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