O dólar sempre sobe. Durante a campanha das eleições, sempre que algum candidato de oposição está na frente. Depois das eleições, quando o candidato de oposição vai para o segundo turno. No segundo turno, quando o candidato de oposição sai vitorioso. Quando o candidato eleito demora para anunciar o seu ministério. Quando anuncia o nome do presidente do Banco Central. Quando anuncia o nome do ministro da Fazenda. Quando anuncia o nome dos ministros e eles não se comprometem em dar continuidade à política econômica do seu antecessor. Quando o governo reajusta a taxa de juros para cima. Quando o presidente anuncia o nome do presidente do Banco Central. Quando o governo não consegue maioria no Congresso. Sempre que se aproxima o vencimento de parcela de juros da divida junto ao FMI. Sempre que as reformas ameaçam atender a alguma reivindicação popular. Sempre que os especuladores assim o desejem, com a ajuda da imprensa, ou de grande parte dela, melhor dizendo. Ou sempre que haja alguma recomendação por parte de algum banco estrangeiro, no sentido de que os riscos de investimentos no Brasil estejam em patamares elevados, e assim por diante. Pelo visto, melhor seria deixar tudo por conta do mercado financeiro. Banqueiros, especuladores internacionais, FMI, enfim, dariam as cartas do jogo. Fariam as vezes da “mão invisível” que, em tese, seria capaz de equilibrar o mercado financeiro. Mercado muito sensível Às variações do humor dos agentes envolvidos.
Esse dólar - que anda nas páginas dos jornais - foi criado de forma errada. Exageraram nos afagos. Nos elogios. Toda dia, e várias vezes por dia, sua cotação é divulgada pela mídia impressa e televisada. Como se isso fosse de interesse para a grande maioria da população; para os que vivem de salários; e para os que sobrevivem do subemprego; e para os desempregados.
Esse dólar, realmente, foi e continua sendo muito mimado. Parece criança com birra. Sensível ao extremo. Não pode ver um cheirinho de crise, que ele sobe nas tamancas. Que falta não faz umas boas chineladas.
