O ensino da literatura é iniciado, nas escolas, na primeira série do segundo grau, como parte das aulas de Português. Antes disso, existem as aulas de leitura, mais importantes do que podem parecer, pois deveriam ensinar o aluno a gostar de ler e gostar dos livros, deveriam formar o futuro leitor. Nem sempre são usadas de maneira a beneficiar os alunos, talvez por falta de capacitação dos professores, quem sabe por falta de carga horária ou até, sabemos, por deficiência do nosso sistema de ensino.
No Brasil, de um modo geral, ainda se lê pouco. Muitos dos nossos adultos de hoje não foram levados a gostar de ler. E, além disso, não lêem porque não têm dinheiro para comprar livros, que são muito caros. Isto, na verdade, não constitui obstáculo para quem gosta de ler, pois as bibliotecas públicas, das escolas, dos clubes, associações e das empresas onde trabalhamos emprestam livros sem cobrar nada. Claro, os livros mais novos, aqueles que estão fazendo sucesso nas grandes livrarias, podem não estar lá. Mas a contemporaneidade não é o supra sumo da literatura. Dos clássicos até as obras mais recentes há muito para se optar, muita literatura da melhor qualidade, verdadeiras obras-primas, o que as fez resistirem ao tempo.
Mas a quem não foi dada a oportunidade de conhecer a magia dos livros, na infância, a quem não foi levado a ter o hábito, o gosto pela leitura, isso não constitui atenuante.
Há que se despertar o interesse do adulto quando ele ainda é criança, prepará-lo para reconhecer o valor do livro. Para fazer com que as crianças cheguem à idade adulta conhecendo a importância do livro, com discernimento para escolher o que ler, quando ler e como ler, precisamos – nós, os professores – cumprir o nosso papel de incentivá-las no caminho da leitura, sem obrigá-las, fazê-las escolher o que ler, induzindo-as a ler por iniciativa própria.
Sabemos que, em alguns casos, o panorama ainda é desalentador. É possível encontrarmos aulas de leitura que consistem simplesmente em mandar cada aluno ler um trecho de um texto qualquer. Como conseqüência disso, quando esses alunos chegam ao segundo grau, só lerão algum livro se o professor os obrigar, com a condição da nota. E mesmo assim, o aluno acaba lendo apenas trechos ou sinopses que fragmentam as obras, provocando ainda maior desinteresse pela leitura, não raro chegando à aversão.
Como esperar então, que alunos como estes, leitores em formação, gostem de ler, se não os conduzimos honestamente a isso?
É preciso que nós, professores, saibamos despertar em nossos alunos o interesse pela leitura, pois é através dela que eles vão adquirir quase todo o conhecimento que vão precisar para viver dignamente. Precisamos fazer com que as novas gerações aprendam a ler, a escolher títulos que lhe proporcionem boa leitura, pois de pouco adianta alguém dizer que gosta de ler, quando lê apenas quadrinhos ou revistas sensacionalistas.
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