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Cronicas-->1973 - Tipo Inesquecível, mais -- 01/05/2016 - 19:22 (Jairo de A. Costa Jr.) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Estou ouvindo Billy Paul, outro dos meus tipos inesquecíveis, por ter tido com ele um encontrão daqueles, na Avenida São João em frente ao Hotel São Raphael. Não foi um encontro de fã, ou de negócios, ou qualquer outro. Foi um super esbarrão de ambos distraídos, eu avoado andando pela avenida e ele saindo do hotel ao encontro apressado da limusine, já de portas abertas. Oops, desculpe e sorry, uoouu, sorry, perdão. Após esse interessante nosso diálogo, continuei minha vida e ele a dele até domingo passado, quando veio a falecer em sua casa nos Estados Unidos. Era mil novecentos e setenta e três, aos meus dezenove e ele aos trinta e nove, aqui no Brasil divulgando seu 360 Degrees of Billy Paul, elepê de enorme sucesso, com a música Me and Mrs. Jones e outras.
Estava avoado nesse dia, por pressa de voltar ao meu primeiro emprego de São Paulo e não sei a razão de eu estar andando pela cidade, a não ser para dar esse encontrão no famoso cantor, que nem registro gerou nos jornais de papel e da televisão. Nesse meu primeiro emprego, tinha outro personagem dos meus tipos, também cantor e fã número um do Altemar Dutra, cantor sucesso em toda a América Latina, aquele das músicas Sentimental Demais, Brigas, Que Queres Tu de Mim e outras do gênero bolero, sendo considerado o Rei do Bolero. Altemar faleceu jovem em Nova York, para um show que não aconteceu.
Contudo, quero falar do Valdir, um desenhista do primeiro andar, simpático de tudo e mais Altemar que o próprio Altemar, sempre cantarolando Sentimental Demais. Ele sorria e deixava: "Sentimental eu sou, Eu sou demais, Eu sei que sou assim, Porque assim ela me faz...". O Valdir também nos deixou cedo demais e lembro-me dele com a sua roupa anos sessenta, calça boca de sino, camisa bufante e manga meia dobra, parecendo sempre pronto para o palco, além do cabelo ruivo quase Black Power. "Que queres tu de mim, Que fazes junto a mim, Se tudo está perdido amor...". Esta mais uma do Altemar pelo Valdir, atendendo pedidos naquele final de ano na Churrascaria Roda Viva da Via Dutra.
Primeiro emprego de cidade grande é fundamental e todos passam a serem tipos inesquecíveis por algum motivo, mesmo que banal. Caso de um senhorzinho, daqueles de se adotar como um tio, tanta a sua calma e jeito de andar e falar. Caso do Seu Oscar, auditor da empresa, aparentado dos donos e sempre metendo a colher no trabalho dos outros, mas não fazendo dele um chato, apenas auditando.
Diziam que fazia parte do ativo fixo da empresa e que tinha uma plaquinha nas costas, nunca vi e nem me arrisquei perguntar, assim como não perguntei da sua famosa lenda: Por ser parente e auditor, ele ia à fábrica e num determinado dia resolveu testar o sistema de segurança da maior máquina da produção, maior que três andares. Não é que ele apertou o botão vermelho e a máquina parou estrebuchando... Pronto e porque ele fez. Foi corrido da fábrica pelo Diretor Geral, americano dos duros e que não gostou nada, nada nada.
Não foi um tipo, mas uma máquina muito estranha, uma mistura de máquina de datilografia com calculadora, que ao mesmo tempo possibilitava o uso de papel sulfite e ficha, para um trabalho contábil. Eram duas e ambas conduzidas por um casal, Enoque e sua esposa. Sei que era um trabalho importante, mas só eu devo lembrar isso e deles naquele cantinho, tirando e colocando fichas o dia inteirinho, plact plact, tec tec tec...
Inesquecíveis eram as secretárias, naquela época das minissaias e sem o politicamente correto imperando os olhares até que eram permitidos. Lembro-me de muitas, mas o engraçado é que me lembro mais de dois nomes, por serem diferentes - Lavínia e Aristhéa, ambas do mesmo gerente, não ao mesmo tempo.
No entanto, neste domingo um de cinco de dezesseis após cirurgia e de frio, devo dizer que tipo inesquecível demais está aqui ao meu lado, cuidando de mim por esses anos todos, dividindo essa crónica e só pode ser a Edna, inesquecível demais...
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