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cronicas-->Noite Longa -- 10/04/2016 - 08:38 (flavio gimenez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Eu já havia esquecido de como uma noite pode ser um longo caminho de más companhias. Não pensem no pior; certamente não estou amoitado num canto mal-cheiroso depois de uma escuridão de minha alma, após ter cometido delitos de grande gravidade. Muito menos estou atordoado após ter consumido quilos de diversas origens e espécies, de tal maneira que agora estaria tentando juntar os cacos de um ego destruído. Também não estive sentado em cadeiras da pior espécie, acompanhado de elementos de pior índole ainda, combinando ações malévolas e escusas. Não.

Quando eu digo noite longa, eu a nomeio como deve ser mesmo, uma longa noite. Como pode ser longa essa escuridão sem nome, quando um antigo mal se faz presente: Um chiado. Eu era criança e certas noites não dormia, com medo do miado que vinha de dentro. Chiava, tinha falta de ar. E medo.

--Calma! São os gatinhos que vivem aí dentro. Eles se acalmam!

Isso, mais o carinho, mais as massagens que minha mãe fazia, progressivamente me faziam dormir. Depois, fui me acostumando. Os gatos surgiam quando menos esperava, depois de uma chuva forte, após uma mudança de tempo, quando eu ficava nervoso ou mesmo quando faziam limpeza no quarto. Virava uma gataria que só se ouvindo. O problema é que...Eu não dormia! Essas são as tais noites longas. Então, as horas se tornam viscosas e alongadas, pois quase cada minuto se torna em horas , cada segundo dura mais que duas pancadas do coração e o sono se esvai, enquanto os gatos riem ocultos dentro de sua caixa torácica. São vário! Um é mais grave, deve ser o pai. Outro, mia agudo feito um esfomeado. A pior é ela, a gata que está no cio: Essa mia esganiçada, despudorada, arreganhada. Grita no meu peito a danada. A noite, que duraria um instante bordado de sonhos vira um fenômeno de delusões e espantos.

Não sei se o gato que ri que me acorda existe ou é produto de secreções acumuladas; não sei se os brônquios tornados em pequenos foles que me atormentam deveriam se calar, uma vez que de mim ainda fazem parte. Enquanto isto, lá estou em companhia de imenso gatarral , numa boataria das piores, rumorejando nos telhados de minha alma as mais estapafúrdias canções! Estas são cantadas em verso e prosa pela turba de meu peito.

As estrelas se movem, o ar escuro da madrugada fica cheio de silêncios entrecortados por grilos estanques, piados longos de pássaros noturnos e farfalhar de árvores ao vento que movimenta as grandes massas de ar, trazendo as novas notícias do  mundo dos despertos ao nosso mundo dos que tentam adormecer. Eu não posso, por mais que tente, com tal boataria.

Os miados sussurram golpes, miam nojentas conspirações, sugerem tremendas revoluções desmesuradas, instilam violências inauditas e crimes ocultos na calada dos muros caiados da cidade adormecida. à noite, tudo é pardo, menos os gatos que andam no meio-fio do mundo, mancomunados com o tinhoso, de pelos eriçados e garras poderosas, no cio eterno das espécies casadoiras. O que me espanta é de como se ajuntaram tantos em meu quarto e dentro de mim, e mal acordo: Foi mais uma vertigem, mal me dou conta e levanto da cama, resolvido a por fim ao murmúrio que soma partes ao todo de tantos rumores indolentes. Sentado na beira da cama, vejo então as fímbrias da madrugada que se esticam, dedos de uma claridade incipiente, se alongam e começasm e desenhar as casas na alvura de seu nascente segredo.

Ah, chiado, como pode fazer isto comigo?

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