"Estou à s voltas com uma foto, de máquina normal e em papel mesmo. Ela é de dois mil, lá do Quinta do Mandioca. Fomos tomar umas e jogar conversa fora, aproveitar o jogo do Corinthians não sei com quem. Veio uma moça bonita e pedimos uma foto com o Marcão. Ela topou e só isso. Meio que o abraçou e click. Guardei a foto e agora não acho mais, pois guardei tão bem. Outro dia, ele pediu da foto e estou à s voltas...". Este início é de uma crónica, por mim cometida no mês nove de onze, com este final - "... acho que tenho de comprar um DeLorean, fazer dele uma máquina do tempo e voltar a dois mil resgatar a foto, só assim para eu achá-la.".
Não é que achei e estava bem guardada mesmo, no meio do nosso arquivo de documentos, cujos temos que guardar alguns por cinco anos e outros por vinte e cinco anos. A cada ano jogo fora o sétimo ano atrás e por isso encontrei a foto, na caixa dos documentos da qualidade. Antes de jogar, transfiro para sacos de lixo reforçados e olho cada caixa. Tchan tararam, eis uma pasta de fotos, com a "tarzinha", sem eu ter que comprar a máquina do tempo. Não fui à foto, ela veio a mim. Contudo, descobri não ser uma foto e sim uma página de um jornalzinho do Quinta da Mandioca, com o click.
Éramos quatro e a moça era a hostess da casa; então, ficamos assim, da esquerda para a direita - Wellington, Alexandre, Jairo, Marcão e a Moça, que chato vai ficar sem nome e nunca saberemos, pois não temos motivo para ir ao Quinta perguntar. Nem a própria está interessada, nem se lembra de nada, só naquele dia quantas fotos deve ter tirado. Aliás, hostess é uma profissão, uma espécie de recepcionista de restaurantes, bares, eventos, festas, discotecas ou hotéis. Nascida nos Estados Unidos, a função tem conquistado o mercado comercial e social de todo o Mundo.
O jogo era do Corinthians, com quem não me lembro, mas era do Campeonato Mundial de Clubes da FIFA de dois mil, realizada no Brasil entre cinco e quatorze de janeiro, quando o campeão foi o Coringão, em final disputada com o Vasco, no Maracanã. Tem gente que diz que não valeu, mas valeu sim.
Se alguém quiser conferir o Quinta do Mandioca, ele fica na Rua Oscar Freire em São Paulo, existe desde agosto de noventa e cinco e tornou-se sinónimo de um lugar onde se pode beber um drinque e saborear uma boa comida. Ó que peena, descobri que fechou. Não posso nem convidar o Marcão para voltar lá, não na esperança de encontrar a moça, mas para bebericar e comer uns acepipes.
Voltando ao arquivo, já pensou se essa pasta de fotos estivesse guardada numa caixa de arquivo para documentos que preciso guardar por vinte e cinco anos, será que eu estaria escrevendo sobre essa foto. Não, evidente que não, daqui a dezoito anos eu já estarei semi-gagá, ou não. Esquecido sim e pra que serviria essa pasta, ah deixa pra lá...
Quanto ao jornalzinho e a foto, segunda mandarei ao Marcão e aos demais envolvidos, só para eles verem como eram dezesseis anos mais novos; uma moçada só, ao lado de uma moça, hoje talvez uma avó e de nós só o Wellington virou avó. Aposentados já somos, mas continuamos trabalhando e corintiano roxo cada vez mais o Alexandre, que até foi ao Japão ver o Corinthians ganhar do Chelsea.
Neste sábado, vinte e seis de três de dezesseis, dando uma de máquina do tempo, posso dizer que nesse intervalo de tempo, tiramos inúmeras outras fotos, conquistamos a ISO, o PSQ, o CRCC, entre outras siglas e cuidamos de mais de quinhentas obras, além de eu ter feito meia dúzia de tatuagens e furado as orelhas o suficiente para usar quatro brincos, sempre com a desculpa de que mudar é preciso, menos a foto da hostess, que permanecerá a mesma pela eternidade, até ela se perder em algum arquivo da vida...
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