Lá nos cafundós de Minas, numa cidadezinha chamada Promissão da Castidade, o pároco local não estava nada satisfeito com seus fieis.
Os piores pecados aconteciam a cada momento. Era um tal de um por chifre no outro. Ninguém estava pagando as dividas. Brigas por todos os lados. E, o pior. Os paroquianos não estavam pagando o dízimo e o salário do sacristão estava atrasado.
Na missa do domingo, durante o sermão, o padre além de dar a maior bronca no povo presente, garantiu que, no próximo domingo, durante a missa, o divino espírito santo desceria dos céus. Só assim, seu rebanho entraria na linha novamente.
Acabada a missa o padre combinou o seguinte com o sacristão:
— Você pega uma pomba bem branca, coloca em uma gaiola, lá no teto perto da clarabóia, e dê pouca comida para ela. No altar você deixa um prato cheio de quirelas. Quando eu começar a gritar durante o sermão: - “vem espírito santo, vem espírito santo”, você solta a pomba pela fresta da clarabóia. Ela descerá no altar para comer o milho. Assim o milagre será realizado.
No outro domingo, tinha gente assistindo a missa da rua de tão lotada que estava a igreja. Até os ateus foram presenciar o milagre.
Chegou à hora do sermão. O padre leu o evangelho e depois com sua voz vibrante começou a gritar:
— Vem espírito santo! Vem espírito santo!
Nada.
De novo, mais alto:
— Vem espírito santo! Vem espírito Santo!
Nada da pomba sair voando.
Na terceira vez em que o padre berrou pelo espírito santo, o sacristão abriu a clarabóia, colocou a cabeça pra fora, e gritou:
— Seu padre! O filho da puta do gato comeu a porra da pomba!
Mur |