Um homem não pode fugir do seu trabalho. Frase de um filme - O Homem dos Olhos Frios, de mil novecentos e cinquenta e sete, com Henry Fonda e Anthony Perkins. Um clássico do faroeste - Morg, caçador de recompensas chega sombrio a uma cidade e acaba ajudando o xerife Ben a realizar o seu trabalho, daí a frase.
O que tem a ver com essa manhã de domingo de carnaval, não muito a não ser que tenho a realizar o meu trabalho e escrever esta crónica. Uma situação que diverte não pode ser considerada um trabalho e, portanto, posso mudar a frase: Um homem não pode fugir da sua diversão. Assim como não fugi ontem, ao ter ido assistir o filme O Regresso, provável Oscar de Leonardo DiCaprio. Diversão garantida e muita arte na neve. Vocês, nem eu, temos ideia do trabalhão que foi filmar esse filme, mas mais que o primeiro, até na sofrência.
Deve ter sido muito divertido e muito mais na Noite do Oscar, se eles o ganharem e sorrirem o resto de suas vidas por esse trabalho e, no entanto, ansiosos por outro e outro. É o preço que se paga e nós somos assim. Mal terminamos um trabalho, ou uma diversão, ou os dois e já estamos na captura de novos, para de novo estarmos na captura de novos...
Exemplo é o nosso Postal, mal o Miguel sorridente termina a entrega dele aos assinantes, no mesmo instante começa o trabalho do próximo semana seguinte. É assim com minhas Cronicas e, por incrível que pareça, nem terminei esta e já estou pensando como será a próxima, ou próximas.
Divirto-me, durante o meu trabalho normal que é tocar a fábrica, quando pego os lances que se apresentam e anoto, pensando como uní-los num texto. Divirto-me agora, ouvindo guitarradas, músicas de sucesso antigo lá do Pará; pesquisando fatos no Google, dando pitacos na comunicação da Edna com a Lígia, para marcarmos um almoço mais tarde e até cortando as unhas.
Trabalho dá comprar entradas para ir ao cinema, usei a fila dos idosos. Comprar pipocas, dá um trabalhão e só fila normal, contudo tudo parece ser diversão. Assim como é ficar anotando possíveis temas e um dos meus anotados é "empoderar", vindo de empoderamento, que é o efeito de dar poder a alguém. Ia escrever, um dia, sobre essa palavra, mas desisti de pronto, quando li esse início de texto - " Finalmente entendi o que significa um dos neologismos mais cafonas já criados: empoderamento." É de Alexandre Borges, publicado pelo Instituto Liberal. Desisti de novo, nada de empoderamento.
Tem três horas ou mais, que estou neste trabalho divertido de escrever esta, aproveitando para ler umas coisitas e esta frase "empoderar os funcionários para ser melhor líder", da Revista Administrador, me fez desistir mais ainda de escrever sobre empoderamento. Na página ao lado, vejam isto: Coworking, dividir para conquistar. Prometo nem anotar.
Mudando de músicas, para Brenda Lee, aproveito para informar que já passei pelas Bodas de Carvalho, no meu casamento nada trabalhoso de levar, a não ser o trabalho que devo dar, embora eu tente ser divertido, o que pode me garantir um café Nespresso, vamos ver. Já vi e estava bom, cafezinho dividido com quem não me dá trabalho nenhum.
Nesse ínterim também li sobre o Carnaval e que trabalheira dá, não, para tão pouco na avenida. Fiquei com dó de uma das rainhas, cujo marido bateu o carro e não chegou com a fantasia, só de custo mais de oitenta mil. Ficou desolada no seu momento de diversão não acontecido, só que não, pois já está só sorrisos, num novo trabalho de leiloar a mesma fantasia, que não chegou a tempo.
Que pena, neste sete de dois de dezesseis, estava indo ler sobre a palavra protocolizado, mas já terminou meu espaço e preciso encerrar esta crónica, um trabalho, divertido trabalho.
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