O torto não é defeito
Se não for de nascimento
Pois o pau que nasce torto
Só resta afinal o lamento
Pois dizem que não tem jeito
E digo com todo o respeito
É grande o sofrimento
Se o torto ficar voltado
Pro lado esquerdo da calça
É torto que está correto
É coisa que ainda realça
É uma questão masculina
Que chama a atenção feminina
Por onde o entortado passa
Mas se o torto fica no meio
Não se faz logo presente
Alguma coisa tá errada
Qualquer um vê ou pressente
Ou o torto é pequeno
Ou é calmo e bem sereno
Ou vive enganando a gente
E a coisa piora bastante
Se além de torto é baixinho
Não tem quem lhe faça um agrado
Não tem quem lhe faça um carinho
Não tem como segurar o bicho
Encher a mão no capricho
E cuidar bem do bichinho
Mulher, então, sai correndo
Do torto e do mal lavado
Não faz questão nem sermão
Do fino e do acanhado
Daquela coisinha pequena
Daquela criança amena
Daquele bichinho parado
Mas se o bicho é mal encarado
Muito grosso e grandalhão
Mesmo feio e mal acabado
Desperta de pronto afeição
Ninguém quer saber da feiura
Só presta atenção na grossura
E quer logo por a mão
E se além do tamanho
For ele careca ou barbado
E também bastante chato
Aí é preciso cuidado
Pois se ele estiver enganando
E o tempo todo “coçando”
É chato prá todo lado
Por isso vale o conselho
Nesta eleição eu sugiro
Não confie em barbudo
Não vá perder o seu tiro
Nem em careca ou garotinho
Acerte o melhor caminho
Seja chato, mas seja Ciro
Inspirado nos chatos do Manezinho do Icó. Seja chato, mas vote consciente. Domingos 24 de julho de 2002