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Artigos-->A IRA DE DEUS -- 26/07/2001 - 17:30 (Willians Moreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A ira de Deus é um aspecto ventilado no Antigo Testamento com forte ênfase. Encontram?se textos os mais variados que ratificam esta faceta do temperamento divino. No entanto, podemos concitar o leitor para uma reflexão não meramente condicionada por textos já preestabelecidos por uma tradição religiosa, visto termos exemplo disto em alguém que incomodou incisivamente a sua época. Jesus atuou no seu ministério, através de um método extremamente contundente. Ele criticava a visão dos seus contemporâneos, visando mostrar?lhes que aquilo que estavam ensinando não se conformava com a realidade da sua interpretação, logicamente contextualizada. Não se pode deixar de convir que o próprio Jesus estava vinculado a um contexto, mesmo que a sua interpretação para aquele momento, fosse extravagante na visão dos seus muitos ouvintes. Uma expressão sugestiva colocada nos lábios de Jesus pelos seus evangelistas foi (e ainda pode ser usada) “OUVISTES O QUE FOI DITO... EU PORÉM VOS DIGO...”. Considero esta fórmula como uma ponte verbal para uma contextualização da revelação. Podemos, semelhantemente a Jesus, usar a mesma fórmula e contextualizar a revelação bíblica, enfrentando até mesmo a possibilidade de uma “crucificação”.

“Ouvistes o que foi dito”: “Deus derramará a taça de Sua ira sobre...”; Eu porém vos digo: Seria Deus um ser imaturo para perder a Sua postura de maturidade, descarregando ira sobre aqueles que nunca seriam páreo suficiente para enfrentá?lo? Seria Deus limitado para não saber como levar as Suas criaturas aonde Ele quer que cheguem? Se dissermos que Deus é perfeito em Suas obras e que tem um plano a ser cumprido na história, não seria Ele fraco, se os contingentes seres humanos conseguem irritá?lo, levando?o a agir, muitas vezes, como os próprios humanos?

O que estou querendo mostrar é que a nossa reflexão precisa de ser mais consistente e eficaz em suas considerações. Chegou, há muito tempo, a hora de não sermos mais condicionados por estrutura de pensamento cultural isolada, levando?nos a atribuir a Deus um caráter unilateral, desprovido do aval da Sua natureza intrínseca.



Consideremos alguns textos e episódios que são relevantes para a nossa reflexão.

Nós encontramos no A.T. em Gênesis 15.13?16 o relato em que Deus, falando com Abrão, diz?lhe que a sua descendência seria peregrina no Egito; mas que voltaria para a Terra Prometida, a terra da Palestina. Acrescenta Deus que julgará o povo que afligirá aos descendentes de Abrão; como também esperará que a “medida da injustiça dos amorreus” seja saturada. Evidentemente que aqui está subentendida a certeza de um castigo sobre os povos de Canaã; terra para onde os israelitas voltariam. Este texto já fomenta a expectativa de uma demonstração de ira sobre os povos que viviam em Canaã.

Quando nos situamos no contexto da entrada dos israelitas na Terra Prometida, vislumbramos fatos curiosos, para não dizermos repugnantes. Curiosos porque estão sob a ordem divina; repugnantes porque contrariam consideravelmente o espírito cristão. Já no livro de Deuteronômio 7, está escrito: “Quando Javé teu Deus, tiver introduzido?te na terra, a qual vais possuir, e tiver lançado fora muitas gentes de diante de ti, os heteus, os girgaseus, os amorreus, os cananeus, os pereseus e os jebuseus, sete gentes mais numerosas e mais poderosas do que tu; e o Senhor teu Deus as tiver dado diante de ti, para as ferir, totalmente as destruirás; não farás com elas concerto, nem terás piedade delas”. Mais a frente Deus promete que, se os israelitas não cumprirem a Sua ordem, serão consumidos(v.v. 1?4).

Outros textos existem que rezam pela mesma cartilha da impiedade. Tais textos sempre foram evocados para ratificar o direito do “povo de Deus” a terra da Palestina

Fazemos uma pergunta para reflexão; não para definir uma doutrina! O Deus que Jesus Cristo revelou assinaria uma ordem de destruição direta e intencional de pessoas, usando como instrumentos de castigo outros humanos?

Deve?se observar que os outros povos do tempo veterotestamentário também nutriam o mesmo sentimento quanto aos seus deuses. Da mesma forma que Israel entendia que uma vitória sobre um outro povo era reflexo da ação do seu deus, os filisteus também assim o entendiam. Quantas vezes Israel foi subjugado pelos seus vizinhos, tantas foi considerado Javé derrotado pelos deuses estrangeiros. Evidentemente que Israel não admitia a derrota de Javé e racionalizava dizendo que a derrota devera?se a pecado entre o povo. Quantos não sofreram nestas circunstâncias, por haverem quebrado determinadas prescrições que refletem puramente o nível de compreensão que se nutria sobre Deus?

Quero ressaltar que não estou, no momento, anulando a inspiração da Bíblia. Estou antes convicto de que a Bíblia é um livro também divino (tanto quanto qualquer outro livro religioso o pode ser), onde está revelado que os homens são capazes de exteriorizar a sua índole e tentar fazer Deus subscrevê?la. Não só os israelitas assim fizeram, como também os seus vizinhos. Há algum tempo, tivemos exemplo disto em Saddan Hussein. Sua guerra contra o Kawait era uma guerra santa; era uma guerra de Alá.

Podemos fazer outras considerações evidentemente que nos mostrarão a realidade do que estamos afirmando.

Deus se deixaria condicionar por caprichos humanos? Deixar-se-ia ele envolver em sentimentalismo imaturo e inconseqüente? Quando dizemos que Javé tem o controle de tudo, não estaríamos afirmando que Ele não se deixa levar pela contingência de Suas criaturas, e que, antes de tudo, sabe muito bem como chegar aos seus objetivos? Ora, se seres humanos limitados conseguem dirigir a outros semelhantes, seria o Criador menos maduro em tal empresa, revelando impotência, através da manifestação de ira?

Se aventarmos o fato da disciplina, que o façamos! No entanto, podemos dizer que Deus não seria tolo para disciplinar?nos como um meramente humano. Do modo como está escrito que Ele não é homem para que se arrependa, seria Ele levado a agir pelos condicionamentos mentais que podem levar alguém a agir cônscio de agir corretamente, embora descubra mais tarde que errou? Sejamos intérpretes sérios, não permitindo que as particularidades histórico-culturais, façam-nos atribuir a Javé ações e sentimentos humanos condicionados e mesquinhos.
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