Uma visão transdisciplinar da vida é muito mais que uma visão inter ou multidisciplinar. Para se ingressar na região trans, é preciso ir além dos conceitos tradicionais das disciplinas e permitir a emergência de conceitos novos, não redutíveis do ponto de vista cartesiano. Uma maneira transdisciplinar de estudar e ensinar, pressupõe um professor com essa mesma visão, fator que inibe fortemente hoje a maioria das possibilidades de se aplicar a transdisciplinaridade nas escolas de qualquer nível. Para chegar a esse ponto, o professor precisa, partindo do seu conhecimento básico e específico, se abrir a uma zona de percepção ampliada, o que não é fácil e nem incentivado pela ciência reducionista na qual foi formado. Muito menos pela visão clássica das religiões. Essa zona de percepção ampliada é aberta e ilimitada, incitando o indivíduo a redefinir o que seja conhecimento. É nessa região que Einstein navegou e aí chegou a fazer as ligações que fez entre ciência e religião cósmica. É a zona onde o material e o imaterial se superam para dar lugar ao conceito complexo e emergente de sagrado. Também por isso é que o conceito de sagrado não faz sentido na visão reducionista inter ou multidisciplinar. Pode ser aceito, mas jamais compreendido como propriedade emergente nesse nível, onde será sempre dual e contraditório ao profano. Já o sagrado transdisciplinar vai além dessas definições e se coloca como manjar dos deuses e explica os êxtases de quem se deixa por ele inebriar e contagiar. Sem deixar de lado o conhecimento clássico e racional, a zona de percepção ampliada permite que esse quadro seja analisado de forma científica, desde que a ciência seja vista como a busca do conhecimento que liberta o ser humano.