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Contos-->O puxa-saco -- 13/10/2001 - 19:56 (Felipe Cerquize) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Péricles não podia ver ninguém numa situação um pouco melhor, que já fazia um tratamento diferenciado para o indivíduo. “Como é que vai, patrão?”, “Puxa, você é um cara genial !”, “Gostei da sua resposta!” eram frases facilmente ditas por ele, para aqueles em que via a possibilidade de tirar alguma vantagem. Com o seu chefe, então, nem dá para imaginar. Só faltava substituí-lo na hora das necessidades fisiológicas.

Houve um final de semana que realmente fez diferença na vida desse puxa-saco. Sabendo que os seus colegas de trabalho haviam combinado uma caminhada, apresentou-se como candidato a carregador de mochila. Na sua mira estava Émerson, braço direito e provável sucessor de seu chefe. Como fazer uma bajulação agradável para aquele ser maravilhoso? Bom, lá estavam eles no meio daquela caminhada campestre, em pleno sábado, com Péricles carregando umas quatro mochilas nas costas, quando Émerson tropeçou e caiu.

-Ô, meu querido! Que houve? Peraí, que eu vou te ajudar…
-Não, não, Péricles. Não foi nada. Tô legal.
-Não se mexe! Pode ser que esteja com algum traumatismo. Vem cá, se apóia em mim.

Émerson levantou-se claudicando e chegou até o ombro do rapaz para se apoiar. Nisso que ele se apoiou, Péricles escorregou junto com a sua presa e se esborracharam no chão. O bajulador, desesperado, pegou a mão de sua vítima e, no afã de tentar levantá-lo, destroncou o seu braço. Apavorado, o paparicador pediu mil desculpas e , enquanto Émerson gritava de dor, ele saiu correndo até um riacho próximo do local em que estavam, encheu o cantil com água e levou para que o seu alvo a bebesse.

-Por favor, Émerson, beba esta água para ver se ajuda a diminuir a dor. Por favor.
-Péricles, sinceramente, espero nunca mais precisar da sua ajuda.

Bebeu a água e foi embora para casa, cheio de dor.
Na segunda-feira, o chefe de Péricles o chamou, disse meia dúzia de justificativas e depois o demitiu. Na terça-feira, lá estava ele na fila do salário-desemprego, tratando o caixa do banco com a maior reverência.

Moral da história:

1) Para os que torceram por Péricles

Para um bom bajulador, o máximo que se perde são batalhas, nunca a guerra.

2) Para os que torceram contra Péricles

Quem não tem competência, não se estabelece.

A propósito, um mês depois da caminhada, Émerson contraiu uma hepatite, pois a água do riacho estava contaminada.


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