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Cronicas-->Betthoven -- 06/11/2015 - 13:49 (flavio gimenez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Já que hoje é sexta-feira e o mar não está para peixe nem para sereia, vou contar para vocês uma coisinha. Como sabem, sou médico. Costumo ouvir algumas lorotas, causos e afins; longe de mim me comparar a um autor russo que andava lá pelo seu país e escrevia sobre suas vivências, mas em breve farei coisas semelhantes. Graças a um aparato cedido por Fabio Franco, consigo guardar certas jóias e esta eu compartilho com vocês. De fato, a moça parecia inteligente, tinha ares alter...nativos, estava porém mui nervosa. Sua mãe, senhora já entrada em anos porém bem conservada, braços desnudos e uma improvável tatuagem no pulso, dizia que sua filhota estava inquieta e andava desatenta por conta das provas do tal Neném.

--ENEM?
--Mãe!
--É isso, não?

Confirmando com a cabeça, porque certas horas há que se confirmar o que não se deveria ouvir nunca e esperar para que se ouça de tudo um pouco, aprovei e instei a tal senhora a prosseguir seu discurso. Alegava que sua filha estava dispersa e preocupada. Também, o vestibular se aproxima e ela quer seguir o pai; o pai que abandonara a família e fora ser minerador em terras distantes.

--Garimpeiro?
--Mãe!
--É isso, ou não é?

Nessa altura, duas cabeças assentiram e o jorro de palavras não deixava a mocinha sequer encetar um diálogo. Percebi que o problema ali era um tal de eclipse; eclipse total do ego da moça, que daria tudo para pedir que a mãe se calasse. Eu percebi, pelo adiantado da hora(passava das vinte e três) que nosso conluio deveria já terminar ali. Dessa parte não me lembro, porque minha atenção flutuava dos cabelos loiros da moça aos olhos esgazeados da mãe e à boca plena de dentes e palavras que brotavam como que por si mesmas, desembestadas, da língua da descabelada progenitora. Então, veio a pergunta fatal:

--Doutor, eu sou naturalina.
--Naturalista?
--É isso, não é? Então, doutor, vi como o senhor nos ouviu. Gostaria de que o senhor acalmasse minha filha. Ela precisa daqueles perfumes...Essências?
--Florais?
--Mamãe!
--Isso! Florais de Beethoven!!!

Dessa vez, um pernilongo zunia batendo na lâmpada do teto. O silêncio foi atroz, o vento zunia lá fora, eram vinte e três horas e a senhora desbocada pedia Florais de...Beethoven?

--Não seria...Florais de Bach?
--Ai, sempre erro com estas coisas. Sempre!
--Mãe...
--Sua filha está nervosa; vou recomendar um ansiolítico à base vegetal.
--Tem à base mineral?
--Mãe!
--Minha cara senhora, não vou medicar sua filha com um calmante. Vamos prescrever um fitoterápico; porém...

Expliquei-lhe então que ela devia talvez acompanhar sua filha a um serviço onde houvesse médicos ou terapeutas para tratar da ansiedade. Isso as acalmou! Saíram lampeiras e risonhas; sua filha olhou para trás e deu um sorriso satisfeito, mais talvez por ter levado a mãe embora do que propriamente por ter em mãos a receita...Que definitivamente não era Floral, nem vegetal nem mineral.

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