Ricardo é um engenheiro realizado na vida, finanças, família, etc. Mas hipocondríaco de carteirinha. Diz ser infeliz por ter doenças que nenhum médico descobre. Não sabem nada, diz.
Até que poderia ser considerado um "médico teórico" tal o seu conhecimento sobre remédios, posologia, princípio ativo, genéricos, etc.
Sua leitura predileta são as bulas. Quem sabe, leitura de cabeceira.
Não deixa de comparecer a um enterro. Morre o primo da vizinha, ou tio da empregada ou o namorado da manicure, ou irmão adotado pela mãe do açougueiro, de quem nem é cliente, pois só compra carnes em supermercados, os que têm Farmácia, é claro. Não interessa quem, há velório, Dr. Ricardo, tá lá.
Volta arrasado. Talvez por não conseguir nenhuma informação do morto, sobre "o lado de lá".
Certa ocasião, estava eu em seu gabinete quando um funcionário avisou: Há um Corretor aí fora querendo falar com o Sr. Deixo entrar?
-Me falou: Pode ser um Corretor da Bolsa de Valores. Vou aproveitar e perguntar sobre a qualidade da minha Carteita de Ações.
Pode deixar entrar.
-Bom dia Dr. Sou Corretor de Seguros de Vida e gostaria de apresentar os planos de minha empresa.
-É. Gostaria mesmo. Pode se retirar. Só me faltava essa, po...! Plaf. Desligou!
Passados uns dois minutos, toca o telefone e atendí. Era engano. Perguntavam se era do Cemitério São João Baptista.
De sacanagem, passei o fone para ele. Acho que é para você, Ricardo.
-O quê? Cemitério é o ca......! Onde já se viu? Plaf, novamente.
Mais alguns minutos e entra seu Chefe de Escritório e na bucha: Dr. Ricardo, o sr. está interessado em um Título Patrimonial do Jardim da Saudade?
-Fora daqui, fora daqui. Hoje é o diaaaaaaaa! P.. q.. p..!
-Aconselhei: Ricardo, você deveria procurar um Psicólogo, Psiquiatra, sei lá!
-Poooooorrrrrrrr....! Até você!
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