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Cronicas-->Colina -- 12/10/2015 - 08:14 (flavio gimenez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Quando eu penso na efemeridade da Vida, esta que nos leva com suas cigarras, seus zumbidos e suas desesperanças, eu penso na força que nos faz pequenos diante da maioria gigantesca do Cosmo. Sim, porque definitivamente somos uma minoria minúscula. Da mesma forma que as cigarras anunciam a chegada das chuvas e minha pequenez embevecida só consegue ouvir da colina o que vai embaixo, a Humanidade sibila com seus parcos recursos diante de um imenso espaço inexplorado e garatuja nas rochas de seu degredo as profecias que nunca acontecerão, porque falsas sejam ou porque loucos as vislumbraram. Por outro lado, foram os loucos que viram as proporções cósmicas nas flores, foi um maluco que ruminava sob as árvores que gravitou em torno dos mundos, foi mais um diacho de lunático que pensou, logo existiu, mais outro sorumbático que decidiu que energia é massa... inúmeros. Eu vislumbro que tantos cálculos, tanta algaravia em torno de profecias, tanta matéria escura, tantas hipercordas talvez sejam as que nos amarrem a este canto da galáxia.

É tudo volátil, absolutamente flutuante, tudo muito dúctil, como fora a água e como o é o mercúrio, símbolo da transformação e da comunicação com o mundo dos mortos. Bem no íntimo mesmo, todo ser humano carrega em si um mundo inexplorado, um microcosmo que ele despreza porque o acomete nas horas sombrias, quando já a labuta o abandonou e quando ele fecha os olhos. Sono, morte, sonhos, há volta? Quando o Homem volta dos sonhos, ele almeja ser mais que a própria finitude, então acorda cheio de novos vícios, ou planos que sabe que um dia se realizarão imperfeitos, eis porque o mundo que carrega consigo simplesmente ele o despreza. Prefere olhar para fora e demarca os territórios na sua caverna particular, com sua companheira de toda uma vida ao lado e os filhos que dormem não muito longe, enquanto crepita a fogueira com aromáticos que ele mesmo colheu na véspera para perfumar o ar viciado do esconderijo; lá fora esturram os tigres de longos dentes, ele os sabe acordados.

Logo será mais tarde e eles se esconderão do sol inaudito que brilha na secura do dia e ele e mais os outros sairão rastejando das tocas e procurarão as caças enquanto suas esposas tecerão longos bordados e roupas para a cria e inventarão a agricultura sendo cultuadas como deusas até porque são os vasos sagrados que agem contra a corrupção e o fim, trazendo o milagre da vida ao mundo seco e inóspito. Quando eu penso na efemeridade da vida, eu queria descer da colina para poder abraçar meus netos, vê-los correr pelos campos infindáveis, gritando as mais belas palavras da manhã. Seria mais que um sonho porque eu estaria ao lado deles, como talvez um porco selvagem, um galgo de lindas pernas longas e porte ereto ou talvez ainda mais uma pequena raposa fugidia e eles, meus netos, saberiam de minha presença impunemente e nada contariam aos seus pais porque sabem que matéria escura, estrelas, sóis vermelhos, Aldebarã e galáxias são da mesma textura que a deles e a minha. Ergueriam suas pequenas mãos à beira dos Ganges todos do mundo e fariam a saudação que os diferencia a mim e a eles, num agradecimento especial ao Todo que nos traz as partes em quantuns de luz, pacotes de sabedoria, através dos éons que a Humanidade vive, rastejando neste planeta e erguendo os olhos para o céu perfeito há tanto tempo que mal consigo respirar, numa redoma, sob a colina que me alberga e de onde posso ver todos os pecados do mundo na absoluta imobilidade das raízes que me asseguram a mais perfeita imortalidade.

--Saudades do vovô.
--Ele era um sábio.

Lá vão eles; já são moços, têm suas nuances e suas perspicácias. O mais novo continua de olhos luminosos, o mais velho sempre foi o mais prático. A do meio será uma princesinha linda e eu, como já podem saber, eu...

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