O charuto de Fidel... e de Lula - o amigo cubano -
Athos Ronaldo Miralha da Cunha
Devemos reconhecer que a esquerda ortodoxa nutre simpatias pelo governo de Cuba. Mas também não podemos divagar reminiscências acerca da visita de Lula a Fidel.
O que temos para analisar é um encontro de dois chefes de Estado. E que, possivelmente, discutirão possíveis acordos comerciais. Não seremos ingênuos, a política latino-americana estará pautada em encontros reservados.
Nessas quatro décadas de regime cubano, foram escritos vários livros e artigos. Inúmeras publicações e análises políticas e muito ainda será publicado sobre a ilha de Fidel. Enaltecimentos e críticas serão infindáveis até que Cuba renasça.
No auge de guerra-fria algumas ações revolucionárias eram explicadas e compreendidas porque era uma luta do capital contra o trabalho, ou melhor, capitalismo x socialismo.
Muitas atrocidades forma cometidas, de parte a parte, em nome de dogmas e temores ideológicos.
Recentemente o regime cubano executou sumariamente três desertores e a opinião pública mundial reagiu energicamente com essa afronta aos direitos humanos. Esse trágico episódio expôs para o mundo o que já sabíamos, ou seja, o regime cubano envelheceu com Fidel. Hoje, urge, uma autocrítica de Cuba. Há uma necessidade premente que o velho revolucionário reveja suas posições.
Devemos, também, rever essas quatro décadas de embargo econômico por parte do poderio comercial americano. Cuba é pobre, também, por causa desse embargo.
Entre um e outro charuto Fidel relembrará todas as suas desventuras para chegar ao poder na Ilha. Possivelmente, como um ancião, recordará antigos e valorosos companheiros de revolução: Camilo... Che... e tantos outros que fogem à memória.
Esperamos que Lula, como em todos os seus encontros internacionais, principalmente em Davos e no G8, diga ao ditador o sentimento da esquerda moderna. Cuba precisa sinalizar com uma abertura política para avançar e aprimorar a sua maior contribuição que são as questões sociais bem-resolvidas.
Se cuba comemora a chegada de um amigo, como amigo, caberá a Lula uma conversa de pé-de-orelha com o ditador, assuntos não faltarão: democracia, imprensa livre e direitos humanos... questões que ainda não chagaram por lá.
Entre um charuto e outro a conversa rola. Afinal, amigo é para essas coisas.