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Cartas-->Carta aos ministros do STF -- 14/04/2008 - 16:46 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Raposa/Serra do Sol - Aos ministros do Supremo

Atenção para estes números.

Reinaldo Azevedo, articulista da revista Veja

A reserva de Raposa/Serra do Sol tem, aproximadamente, 90 mil km². É quase do tamanho de Santa Catarina, com 95.346,181 km², ou de um país como Portugal, com 92.391 km². Pois bem: no estado do Sul do Brasil, há perto de 6 milhões de habitantes. Na Terrinha, os irmãos somam 11 milhões. Na Raposa/Serra do Sol, os companheiros índios são, no máximo, 15 mil. Serão os maiores proprietários do planeta.

“Oh, lá vai Reinaldo misturando tudo... E desde quando se comparam índios com uma população não-índia, que tem outra cultura, outros hábitos, sei lá o quê?...” Aqueles índios que lá estão já não vivem isolados há muito tempo. Ao contrário: dependem das ações do estado brasileiro para sobreviver. Dependem também da atividade econômica que instalada ali. Se ela for eliminada, jamais recuperarão os hábitos originais, que só existem na cabeça de alguns antropólogos da Funai.

Um pedaço do território brasileiro estará sendo entregue à selvageria, sim — mas não aos bons selvagens idealizados pelo onguismo do miolo mole ou falsificados pelo onguismo picareta, a serviço sabe-se lá de quem. A economia paralela vai-se instalar na região, já que o estado brasileiro não dispõe de recursos e de homens para garantir que, afinal, aquilo tudo será preservado como um verdadeiro paraíso indígena.

Cadê os índios? Cadê aquela gente? O que eles querem? Quais são os seus anseios? Os que vão expulsar os “não-índios” de lá pretendem viver de quê?

Estabelecer a área contínua para a reserva Raposa/Serra do Sol corresponde, na prática, a abrir mão da soberania sobre um pedaço do território brasileiro. Os rizicultores serão expulsos de lá. E as ONGs? Também vão? Deixarão de usar o então ex-território brasileiro, entregue às ditas “nações indígenas”, para produzir a sua droga ideológica?

Espero que os ministros do Supremo não se deixem patrulhar por essa gente sem rosto, cujos caciques estão muito longe do Brasil. Não estou exercitando nenhuma teoria conspiratória. Alguém realmente acredita que os minérios enterrados na Raposa/Serra do Sol lá permanecerão para sempre, intocados? Só se o Brasil, assombrando a lógica, afrontar os últimos, sei lá, seis mil anos de história da civilização.

Senhores ministros do STF, aquela região do Brasil, reitero, precisa de mais OG — Organização Governamental — e de menos ONGs. Se o governo prevarica, que a Justiça do estado brasileiro faça, enfim, Justiça.

Fazendo conta

Atenção, senhores ministros, a questão não resiste a uma regra de três. Estima-se que, em 1500, houvesse, no Brasil, 6 milhões de índios. Vamos supor que se espalhassem de maneira uniforme por todo o território brasileiro — o que não é verdade, mas vá lá. Se 15 mil índios merecem 90 mil km², que área teria sido necessária para abrigar os seis milhões? Respondo: 36 milhões de km². Que pena! O Brasil conta com apenas 8,5 milhões de km². Ou se quiserem: há, hoje, no país, 410 mil índios. No padrão da reserva Raposa/Serra do Sol, deveriam ter sob seu domínio 2.460.000 km² — ou pouco menos de um terço do Brasil.

“Ah, mais um absurdo! O Reinaldo despreza as características de cada tribo”. É mesmo? Os índios de Raposa/Serra do Sol são nômades? Cada indivíduo circula solitário como o leopardo na savana, precisando de uma vasta extensão de terra onde possa exercitar a sua solidão, ao abrigo de outros de sua espécie, só aceitando o gregarismo na hora de reproduzir a espécie? Mentira! Mistificação! Papo furado!

Já está claro. Não são nômades e querem vacina, antena parabólica, trabalho e trator. E têm o direito de sonhar com isso.

Façam as contas, senhores ministros. Ou contestem as contas. E tenham a coragem de resistir a uma empulhação dos caciques sem rosto.

***

Lula Galvez, o libertador de Raposa/Serra do Sol

"Se nós pudermos gastar um ou dois meses a mais e fazer as coisas na paz e na tranqüilidade, nós faremos. Certamente que alguns arrozeiros estão querendo ser vítimas e nós não vamos fazer vítima. As vítimas ali são os índios que moram no espaço que nós já demarcamos".

Quem fala acima é Luiz Inácio Lula da Silva, o Galvez da reserva Raposa/Serra do Sol. Afinal, é ele quem está doando ao onguismo um pedaço do território brasileiro, uma área correspondente à de Santa Catarina ou à de Portugal.

Como sempre, quem não está com o governo não passa de um pilantra. Ademais, a retirada dos não-índios do que se chama “reserva” está dependendo, agora, da Jutiça. Que importância tem produzir arroz? O negócio é produzir fotografias para correr o mundo.

As fotos que chegam dos “índios” da reserva dão conta de povos já aculturados, dependentes, hoje, da agricultura da região. Sem ela, consolidam-se o cultivo ilegal, a mineração clandestina, o corte indiscriminado de árvores. Tire-se da equação o onguismo do miolo mole e os picaretas interessados em que a reserva se transforme numa terra de ninguém, e a solução aparece. Em suma: mande-se para Roraima uma Organização Governamental e se tirem de lá as ONGs, quase todas estrangeiras.

Esse caso deveria ser uma das prioridades do jornalismo brasileiro. É preciso tentar entrar lá, falar com os índios contrários à expulsão dos rizicultores, com aqueles que são favoráveis, saber quem é quem, do que vivem uns, do que vivem outros, quais são as entidades que lá atuam, saber a sua pauta.

Raposa/Serra do Sol tornou-se um emblema da crença numa espécie de Paraíso da civilização, livre de todos os vícios da “nossa sociedade”. Ainda que existisse essa possibilidade, o tempo passou. Aqueles índios já são dependentes da economia do... Brasil. Sim, aquele é um território brasileiro.

***

Raposa/Serra do Sol - A argumentação delinqüente da AGU

O STF rejeitou o recurso da Advocacia Geral da União e manteve suspensa a ação para desocupar a reserva de Raposa/Serra do Sol, em Roraima. Ainda bem que sobrou ao STF o bom senso que faltou à AGU. Claro! É razoável que o órgão busque fazer com que a determinação do governo seja cumprida. Não estou contestando isso, não.

O que é de lascar é a justificativa da AGU. O principal argumento é que índios favoráveis à desocupação estariam se deslocando para a área da resistência e que, então, estamos diante de um potencial conflito.

É mesmo? Quer dizer que o estado brasileiro chegou a tal grau de indigência, que, se um grupo se mobiliza e promete reagir, deve-se fazer o que ele quer antes que cumpra as ameaças? “Ah, mas a suspensão não é também isso?” Não! Ela tem um embasamento legal: existem ações pendentes contra a desocupação; existe base jurídica para o adiamento.

Ademais, interessante esta AGU, não!? Quer dizer que o confronto com os que se negam a sair é admissível? Ora, se existem forças federais no local, dado que é uma área do território nacional, que entrem em ação para impedir o conflito.


Obs.: Eu também sou contra que se dê um outro Portugal inteiro aos índios de Raposa Serra do Sol, como foi dado um inteiro Portugal aos Ianomâmis, no mesmo Estado de Roraima. Com isso, criou-se os dois maiores latifúndios do planeta e se inviabilizou a produção agrícola daquele Estado.

Aliás, depois de 500 anos, já está passando da hora de esses índios aprenderem a plantar feijão e milho, e criar umas galinhas, para sobreviverem. Chega de marasmo, de ficar de bunda pro ar estendido nas redes, sem fazer nada! (F. Maier)


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