Usina de Letras
Usina de Letras
301 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62171 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22531)

Discursos (3238)

Ensaios - (10349)

Erótico (13567)

Frases (50576)

Humor (20028)

Infantil (5423)

Infanto Juvenil (4756)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140791)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6182)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->Acareação em Usina no Dia do Escritor -- 25/07/2001 - 14:31 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Finalmente, chegou a imperdível noite de encontro dos usineiros. O dia 25 de julho, Dia do Escritor. Ia enfim começar a acareação em Usina de Letras.



Pouco a pouco, os usineiros foram chegando. Muitos vieram do aeroporto em táxi-lotação, que a merreca estava curta.



Chamou a atenção a picape japonesa de luxo de um usineiro que costuma descer o cacete na burguesia. Mas, Brasília é assim mesmo: além de criar a Ilha da Fantasia, criou também o bumbá da vaca louca. Explico: o jornalista Ronaldo Junqueira definiu bem o maniqueísmo candango, ao parodiar a festa de Parintins, onde só há lugar para o boi garantido (vermelho petista, abraçado pelo Correio Braziliense) e o boi caprichoso (azul rorizista, vestido pelo Jornal de Brasília). Até aí, nada demais.



Acontece que em Brasília as fantasias estão trocadas: enquanto o "burguês" Roriz era acompanhado nas últimas eleições por fubicas caindo aos pedaços, o pretendente à reeleição do "governo popular e democrático" era acompanhado em carreatas por carrões nacionais e importados, todo o Plano Piloto e o Lago eram um vermelho só, "honestamente" boi garantido. O cerrado, efetivamente, criou o bumbá da vaca louca. Que em Brasília é transportada em picape japonesa.



Adolf Hitler foi um dos primeiros a aparecer na sede virtual de Usina, no 7º subsolo do Correio Braziliense. Chegou reclamando da baixa umidade de Brasília, ainda no aeroporto já havia tomado três garrafas de cerveja Kaiser, a viagem pela Lufthansa tinha sido “alles blau”, porém a companhia extraviou uma de suas malas:



- Deutschland über alles! – cumprimentou Adolf. Isso é um absurrdo! – dizia Adolf puxando e quase arrancando o bigodinho. Quando eu erra a Führer, nossa companhia aérrea erra mais responsável, não perrdia as bagagens. Hoje tudo está se deterriorrando em Deutschland. Nossos patrrícios alemães, antes tão trabalhadorres, estão perrdendo todo o seu Deutschtum (“germanismo” – traduz Zé Pedro), não querrem fazerr qualquerr tipo de serrviço, porr isso estão chamando os turrcos, que estão tirrando nossos emprregos. Nossos trrabalhadorres prreferrem o ócio, querrem ficarr eterrnamente desemprregados, parra serrem custeados pelo goverrno, e recusam oferrtas de trabalho. Piorr de tudo: essa Volkerwanderung (“avalanche de povos” – traduz Zé Pedro) de turrcos vai logo fazerr Deutschland terr favelas igual ao Brrasil – lamenta desolado o Führer. Não é mesmo, Frau Eva? – pergunta Adolf à sua linda esposa.



- Mas isso é xenofobia, você está pregando o racismo em seu ataque contra os turcos – corta Zé Pedro, que também serve de intérprete a Adolf.



- Orra, vocês brasileirras demarrcam enorrmes árreas parra meia dúzia de índias, onde ninguém de forra pode entrarr, nem a exérrcito, e você me falarr de xenofobia? – devolve Adolf. Esta papo furrada aqui em Usina não me interressa. O que interressa é a minha encontrro marrcada com os negrras Kalungas de Goiás, e aumentarr meu “Allgemeine Bildung” (cultura geral – esclarece Zé Pedro) na Bahia, com Her Carlinhos Brown, sobrrinho de minha querrida Frau Eva – completa o Führer.



Além do Führer, foram chegando aos poucos figurinhas carimbadas de Usina: Denison, Ayra on, Zé Pedro, Milene, Elpídio, Kaká, Diógenes, Vânia, Henrique, Schwartz, Bruno, O Esteta, Surrealista, Daniel Fiúza, Punkgirl, Emilia Talvez, Samantha, Hephestus, Tinny, J.B.Xavier, o punk anarco-filósofo das Gerais.



A presidente da acareação, Dona Vagina, abriu a sessão dizendo que estava “aberta” para todas as reivindicações e reclamações dos usineiros. Todos os escritores e escretores tinham o direito de ocupar a tribuna para responder às “flame wars” de que foram vítimas nos últimos meses em Usina. A sessão de acareação – dizia Dona Vagina – seria encerrada à meia-noite com uma palestra de Armagedon, o criador da Usina. O Sr. Estrovenga, na sua fala inaugural, prometeu que “perfuraria” todos os obstáculos que aparecessem pela frente, mesmo que tivesse que “utilizar sua força bruta” – disse ameaçando com o falo nas mãos.



Mas, a rigor, ninguém prestava atenção na fala inaugural de Dona Vagina e nas ameaças do Sr. Estrovenga. Era hora de colocar o papo em dia, esclarecer mal-entendidos surgidos em alguns artigos mais contundentes de Usina, enfim, selar a paz. Briga, só de letras, nas páginas virtuais de Usina.



Milene Arder, num canto, estava silenciosa. Ninguém ainda havia ouvido sua voz. É que já há meses ela tentava desenvolver uma poesia sobre as rãs, desde que ouviu falar do ranário da esposa de Jáder Barbalho, financiado a fundo perdido pela SUDAM. Há poesia em tudo, aprendera Milene com o professor de literatura. Mais do que coaxar (as rãs também coaxam?), as rãs também oferecem poesia. Porém, sua musa inspiradora, sempre pronta a atender a todos os seus pedidos, ficara cega, surda e deixara de coaxar. Mordiscando sua Bic, o papel à frente de Milene nunca estivera tão branco.



Punkgirl também não prestava atenção ao discurso de Dona Vagina, como a maioria dos ouvintes. Mais do que ouvir palavras puramente formais, era hora de papear com companheiros anteriormente apenas virtuais, contar as últimas piadas, as mais cabeludas possíveis – sempre envolvendo políticos.



- Cadê o Infelix, esse cara mora aqui perto, ainda não chegou? – inquiriu o punk anarco-filósofo das Gerais, ainda reclamando da dor de cabeça, depois de fumar um havana, provavelmente feito de folha de bananeira.



- Já esteve aqui antes de você chegar – inventou Hephestus, que também tinha bronca do cara. Deu uma escapada da cama para pedir desculpas à Milene, por tê-la chamado de Milady, e voltou antes que a mulher dele desse por sua falta – completou, vingado, Hephestus.



O punk anarco, tonto, com a língua um tanto presa devido ao mojito ingerido em excesso, passou a descrever suas bravatas feitas nas últimas batalhas antiglobalização. Baixou a calça para mostrar a Hephestus e a Ayra on a marca deixada pela PM de Brasília em seu lindo bumbum, durante a batalha campal promovida por punks na Esplanada dos Ministérios. Mostrou também com orgulho uma ferida viva na bunda, devido a estilhaços de uma granada de efeito moral lançada pela polícia de Gênova contra os violentos globobões burgueses de 189 países de todo o globo globalizado, que se manifestaram contra a globalização, na última reunião do G-8.



Punk é por natureza anarquista. É contra tudo e contra todos. Nada do que existe no mundo está correto para um anarquista. Assim, o punk das Gerais, em sua tese que prepara na universidade, prova que a natureza está errada, ao obrigar que todos os seres humanos venham ao mundo pela vagina. O certo seria se viessem via ânus - descobriu magistralmente o futuro filósofo-mestre das Gerais.



----------



Como toda reunião que se preze, logo começou a panfletagem. Ayra on, petista rosa (agora, além de vermelhos, há petistas rosas, como Marta, e petistas amarelos, como o candidato quase eleito de Curitiba) aproveitou para entregar a cada usineiro presente uma lista com os nomes do futuro governo do DF, o “Governo dos Chicos”.



Lia-se no folheto:



“Futuro governo PeTista do Distrito Federal:



- Chicóvam Buarque: governador



- Chico Floresta: secretário do Meio Ambiente



- Chico Vigilante: da Segurança



- Chica do Barro: da Habitação



- Chico Paz: comandante da PM (ex-coronel Chico Guerra, foi obrigado pelo PT a mudar de nome, para a Polícia se tornar menos violenta)



- Chico Pancada: procurador do DF (também conhecido como "Chico Kassettada" - grava conversa alheia e depois pisa em cima do kassette)



- Chicotada: diretor do CAJE



- Chicocô: dos Esgotos (projeto de adubo humano para plantações de café e soja no cerrado, com apoio da EMBRAPA)



- Chico Banho: das Águas



- Chica Bom: da Merenda Escolar



- Chicaneiro: Advogado-geral do DF



- Chico-Preto: dos Parques e Jardins



- Chicote Queimado: da Criança e Assistência Social



- Chico Paletó: dos Esportes: integrante da AVLDF (Associação do Vôo Livre do DF), está sempre ausente, só o paletó é encontrado no gabinete



- Chico Grilo: combate à grilagem



- Chico Manco: da Saúde (escolha politicamente correta); Chico ficou irremediavelmente manco de uma perna quando, durante uma visita a Cuba, teve que ouvir em pé um discurso de Fidel, que durou 15 horas



- Chico Cola: da Educação, autor do programa “Cola na Escola” (nenhuma criança é reprovada)



- Chico Camelô: da Indústria e Comércio, pretende transformar a Rodoviária e todo o elevado entre o Conjunto Nacional e o Conic em um imenso mercado persa, como o Khan al-Khalili do Cairo



- Chico Vacina: aspone cubano, da campanha de vacinas, para aplicação de vacinas de Cuba que não têm nenhuma eficácia (mas rende um dinheirinho a Fidel)



- Chico Messetê: aspone do governador para abrigar e dar alimentação a integrantes do MST que chegam a Brasília (uma marcha a cada mês, no mínimo, para não perder a “mística”)



- Chico Marmita: dos Restaurantes Populares, comida a R$ 1,99 o kilo



- Chico Trampa: outro aspone, pretende moralizar o comércio da Feira dos Importados, vulgo Feira do Paraguai, modernizando o contrabando



- Chico Come-quieto: dos Motéis Populares, R$ 1,99 a hora



- Chico Coluna: da Comunicação Social, mantém coluna no “Diário Oficial do PT” (Correio Braziliense)



- Chicobaia: da Biotecnologia (transgênicos e transexuais)



- Chiconsolo-de-viúva: da Cultura Feminista, promove peças teatrais sexuais para mulheres solteiras/viúvas, devido ao grande número de mulheres sem marido/sem amante/sem ter com quem “ficar”



- Chica Cegonha: outra aspone, parteira com pós-graduação feita com índias do Amazonas, para gerenciar a alta taxa de natalidade 9 meses depois da Micarê (alguns petistas queriam a Chica Trituradora, que prometia clínica de aborto em cada quadra, porém venceu a ala light do PT, que fez prevalecer o direito à vida)”



----------



- Mas o Cristóvam disse que vai concorrer ao Senado – intervém o atento Henrique.



Ayra on esclarece:



- Não vai mais. Nós temos prova de que o governador Roriz é o maior falsário do planeta. O metrô é apenas uma ilusão computadorizada, as pessoas sentam defronte de modernos videogames instalados na Rodoviária, e todos sentem que estão de fato viajando de metrô. O viaduto do Catetinho é apenas um enorme painel reflexivo que ilude os motoristas.



- Mas, e a terceira ponte? – indaga o bem-informado Henrique, apesar de morar em Canoas.



- Mais uma canoa furada do Roriz – afirma Ayra. Na verdade, as obras nas margens do Paranoá não são para a construção da ponte, mas para ampliar o Projeto Orla, versão Lago Sul, com luxuosos apart-hotéis do Paulo Octavio, do Sérgio Naya e do Luiz Estêvão.



- E Samambaia, não foi eleita pela ONU como modelo de assentamento? Roriz não foi chamado à sede da ONU para apresentar no Habitat + 5 seus programas de desfavelamento no Distrito Federal? – inquire Punkgirl.



- Outra embromação do Roriz – diz Ayra com convicção. Na verdade, quando a funcionária da ONU esteve em Brasília, Roriz não a levou a Samambaia para passear de helicóptero, mas para um dos muitos assentamentos feitos em terras públicas por grileiros em Brasília para a alta burguesia, onde só se avistam casas em estilo colonial, com piscina com aquecimento solar, e a média de cinco carros em cada casa. Nós coletamos as provas de todos estes embustes de Roriz, que será desmoralizado perante seus eleitores, abrindo assim passagem para a volta triunfal de Cristóvam. Já estamos entrando com um pedido de impeachment contra o embusteiro Roriz.



----------



Enquanto os usineiros liam o panfleto petista e ouviam as discussões do desgoverno Roriz, Hephestus e o punk anarco-filósofo das Gerais aproveitaram para dar uma espiada em Usina e incluir textos bobocas, apenas para “deletar” da homepage os últimos títulos lançados por Zé Pedro, pelo Infelix e por outros desafetos virtuais, para que não fossem lidos. Aproveitaram também para dar uma clicada em alguns de seus próprios textos, para melhorar suas posições no “placar” de Usina.



Nesse tempo, Bruno mostrava o roteiro de um filme a J. B. Xavier, que ele gostaria de ter rodado. Porém, Sérgio Reacende foi mais rápido no gatilho da Kalashnikov. Será um longametragem luso-cubano-brasileiro de 120 segundos, em preto & vermelho, já sendo parido na moviola, tendo como personagem principal o maior herói das Américas: Che.



Título do filme: “Las viudas de Che”



Produção: Emir Sádico

Diretor: Sérgio Reacende

Assistente de Direção: Frei Beatto

Música: Chico Bê de Hollambra

Roteiro: Saramágico (*)

Câmara: Jô Eme Malles

Assistente de Câmara: Marcinho Pevê

Assistente militar: Zé Di Ceu

Treinamento de atores: Mister Stedile do Taquari (MST)

Ator: Paulo Setti (como Che)

Atriz: Luz Célia Esse.

Figurino: Cecília Coambra

Maquilagem: Marta Suplício

Participação especial: Fidel Castrus



(*) penúltima magia: esconder um Nobel na manga





Cena 1



(Fade in)

Câmara abre em close no rosto de Che Guevara, com sua indefectível boina.



- Hay que endurecer... – diz Che.



(Plano Geral) Tátátátátátátátátátátátátátátátátá. Começa o fuzilamento de mais 50 condenados, no paredón cubano. Um a um vão caindo mortalmente todos os infelizes. As novas "viudas" de Che não param de chorar.





Cena 2



Close em um botão de rosa sendo entregue por Che a uma das "viudas". Erguer a câmara até o rosto de Che, que pisca maliciosamente e diz:



- ... pero sin perder la ternura jamás!



Abrir a câmara para plano geral no cemitério, com uma fila de "viudas" recebendo flores de Che.





Cena 3



(Plano Geral) Che entra no prostíbulo e faz os primeiros aquecimentos para montar em uma jinetera – uma "viuda" de Che.



- Hay que endurecer! Hay que endurecer! – repete Che.



Após alguns instantes, geme a jinetera, com os olhos esbugalhados de tanto gozo:



- Che Vara! Che Vara!





Cena 4



Close no rosto de Che, atingindo o orgasmo e gritando:



- Socialismo o muerte! Hasta la victoria! Siempre!



(Congelamento do grito de Che, em close)

(Fade out)



Rolam os créditos finais com a seguinte mensagem:



"Assim morreu Che. O exército Boliviano passa a ser acusado de matá-lo, mas comprova-se que os ossos encontrados posteriormente na Bolívia são de um jumento. Os ossos verdadeiros de Che nunca saíram de Cuba".



Nota da Produção:



"Obra ficcional, qualquer coincidência com a realidade é mera semelhança. Não perca! Em breve, nas telas das principais capitais e em todas as telas de Usina de Letras, com som realplayer, para audição da sonora Kalashnikov: tátátátátátátátátá...



Roteiro impresso na Editora Titica, encontrado nas melhores livrarias da cidade.”



F I M



----------



Bruno já estava imaginando a crítica de “Las viudas”:



"Enfim, o revival do cinema brasileiro!" (Revista Óia)



"Orgasmaticamente perfeito!" (Arnaldo Jaburu)



----------



Quase meia-noite, Adolf havia saído de fininho com sua bela Eva Brown, se despedindo de todos com um simples abano de mão. Um pouco antes, Adolf prometeu a Her Schwartz e a Her José Pedro fazer um trabalho de Mitbestimmung (cogestão), para incrementar a cultura alemã em Usina.



O Führer estava com pressa, tinha que levantar cedo no dia seguinte para ir até o interior de Goiás, para se encontrar com os negros Kalungas. Adolf soubera que esses descendentes de escravos africanos tinham um grande desejo de se tornarem brancos.



O método do Führer não era tão doloroso como aquele a que se submeteu Michael Jackson, com uma cirurgia após a outra. Nem causava deformação frankensteiniana, que vitimou o pop star americano. Com um tratamento à base de um medicamento descoberto pelo Conde de Gobineau, geneticamente modificado, aperfeiçoado por Doktor Mengeli, todo preto pode se tornar um ariano. Aos poucos, em no máximo 1 ano, a pele clareia, o cabelo fica liso e aloirado, até o nariz afila. A eficácia foi comprovada em uma tese escrita por Alfred Rosenberg, o filósofo do nazismo. Palavra do Führer!



Denison, sempre tão “loquaz” em Usina, estava, como Milene, muito calado. Não podia desgrudar seus olhos dos claros olhos azuis de Vânia. Ou seriam olhos verdes?



Meia-noite em ponto, Denison estava quase descobrindo a cor dos olhos de Vânia, mas aí entrou o apagão na sala sem pedir licença a ninguém. Ouviu-se um uníssono “p.q.p.” de frustração e gritos de “sai prá lá, tarado”. É que dois ou três usineiros gays aproveitaram a escuridão para tentar umas “patoladas” e umas “mamadeiradas”. Dona Vagina pediu para fazer silêncio, o tumulto aumentou, até que apareceu uma luz de vela trazida pelo “armário” postado na entrada, e os ânimos usineiros serenaram um pouco.



Mesmo à luz de velas, não dava para dizer de que cor seriam os lindos olhos de Vânia. Normalmente, em cada 10 palavras faladas, Denison diz 15 palavrões. Agora estava falante como uma coruja, os olhos arregalados, embasbacado diante daquela figura angelical que ele só tinha visto nas imagens virtuais de seu computador.



Mais velas foram trazidas pelo segurança, para que os usineiros conseguissem voltar, do 7º subsolo até à flor da terra, e ir embora. Eram velas que o segurança catava todo dia quando voltava para casa, em uma encruzilhada onde se faziam despachos. Afinal, com essa história do apagão, tinha que se precaver. Por isso fez um estoque razoável de velas em casa. Uma parte das velas a mulher passou a derreter e encerar o piso da sala, todo sábado. O segurança também trouxe algumas velas para o trabalho, o que provou ser ele um homem sábio.



Todos os usineiros ficaram frustrados com a ausência de Armagedon, que ficou preso no metrô escuro, entre Taguatinga e Águas Claras, mas avisou pelo celular que no próximo ano, no Dia do Escritor, chegaria mais cedo à sede virtual de Usina, com ou sem apagão.



O único Armagedon que os usineiros conheceram na noite do escritor foi a escuridão já há tanto tempo prometida por FHC e pelo Ministro do Apagão.



Apesar da enorme frustração, os usineiros saíram contentes do 7º subsolo do Correio, pois conheceram cara a cara amigos e adversários de carne, osso e silicone, que antes eram apenas virtuais, sem cheiro, assépticos. A exceção ficou por conta do funk anarco-filósofo das Gerais, que não parava de reclamar, por ter derramado uma garrafa de mojito. Logo em cima de sua bunda com ferida de carne viva...



------------



Usineiro: Feliz Dia do Escritor!

















Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui