Talvez em um desses dias, onde as tardes serenas e o balançar das árvores denunciem a presença da brisa, venha nos tocar o íntimo. E a pureza que pensamos ter possa ser corrompida por desejos que julgamos tão cinzentos. Quiçá nesse rio de palavras, onde as aparências se perdem um gesto não venha denunciar a incandescência e o ardor oculto por uma única intenção.
Quem sabe um pensamento na presença desejada, não se perca em devaneios e impulsione ainda mais os tremores de nossos corpos que oscilam entre o medo e a ansiedade. Será que na noite somos despertados e no silêncio das horas que jazem na madrugada, não somos transportados pelo pensamento a luz do dia, ao nosso convívio?
O pudor fala mais que a vontade; o medo se sobrepõe a ânsia do toque, do beijo. Passamos os dias imaginando o sabor um do outro e aspirando por um desenlace. Outrora ambos caminhávamos por nossos sonhos, permeados pela atração física e pela procura insistente de um caminho. Abrigamos esses mesmos sonhos num canto do peito e passamos a conviver na linha das reticências.