Dois milénios de prepotência e simulada ignorância
A questão explícita que muito sucintamente abordo, com a simplicidade que a equaciono e exponho, hoje em dia ainda é de âmbito assaz delicado e sobretudo perigoso: o triângulo Deus-César-Ciência tem por enquanto bastante caminho a percorrer no espaço temporal até que o propositado e tácito imbróglio entretecido pelos poderosos deixe enfim de constituir busílis predominante. Milhões de humanos, dum e doutro lado da paliçada, sucumbirão inexoravelmente em vão até que o esclarecimento raie e definitivamente deveras se implante. A trindade a que aludo e que aparentemente parece confrontar-se entre si, permanece intocável, seja qual o "in nomine" que adopte.
Por exemplo, raciocine-se sobre um conhecidíssimo e inequívoco dado: o cidadão Lula da Silva, e como ele todos os idênticos em suas preanunciadas promessas, partiu radicalmente para a política em nome dos desfavorecidos da vida. Andou pois uma década a candidatar-se até evoluir no sentido que os tronos do poder impõem. Ao cabo de suficiente tempo no mando, que de facto não pode nem é capaz de exercer relativamente à sua manifestada proposição, sempre "in nomine", verifica-se que está incisivamente a tratar, sim, da sua reeleição. A famigerada "Fome Zero" vai perpassando em evidente lampejo falacioso e até se teme que o "zero" comece a contar com alguns fortes digitos à esquerda, logo que lá se coloque o inevitável sinal menos.
Num brevíssimo relance sobre o panorama das nações - as excepções constituem meros exemplos de "lana caprina" em relação ao todo - vê-se nitidamente que as indústrias da guerra e do sexo ocupam tenazmente, sob engenhosas e fictícias paredes morais, todas as fundamentais frentes dos que vivem à grande e muito para além do limite digno e razoável. Diga-se que Sodoma e Gomorra, que nunca deixaram de existir de facto, se transformaram em aprazíveis e secretas catedrais de prazer. Em redor e guardados à vista, dois terços da humanidade suam as estopinhas para sobreviver. Uma grande parte está até persuadida de que vai a algum sítio não indo nunca a sítio algum.
É assim?... Não é assim? É um pouco assim, mas não é tanto assim?... É e é-o desde sempre. O único balsamo da maioria é a esperança, o tal sentimento que é o último a morrer e morre sem servir para nada. Que medidas pois tomar para pelo menos minorar quanto possível a degradante situação que se depara. Vão-se tomando: uma vezes, fazendo tudo (Afeganistão, Palestina, Iraque e quejandos colapsos) e outras vezes, não fazendo nada (África e grandes partes da Ásia e da América do Sul).
Deus-César-Ciência... Eureka!... Eis o bem que para tantos e tantos chega sempre tarde. Salvé a natureza... Que é a única que vai fazendo justamente o que tem a fazer.