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Cronicas-->1990 - Planos Mais -- 19/05/2015 - 22:31 (Jairo de A. Costa Jr.) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Voltando aos planos mais planos, ainda? Ainda, pois não coube na minha crónica passada e esqueci um na cronologia estabelecida - O Cruzado 2 de novembro de oitenta e seis, uma espécie de engodo, já que lançado logo após as eleições estaduais, com aumentos de tarifas e de impostos, automóveis, combustíveis, fora o ágio e falta de produtos. Carne, nem pensar.
E eu sofrendo no dia a dia, já de volta a São Paulo. Vocês acreditam que eu fui lá ao Battistini, um bairro distante de São Bernardo do Campo, só para pegar duas caixas de Skol em lata e uma delas eu nem bebi. Dos Planos Bresser e Verão eu comentei. No entanto, o pior deles ainda estava por vir...
Lendo agora, material da internet, parece que o Presidente Collor lançou planos, planinhos, que nem traumatizaram a população brasileira. Terça, oito da noite de treze de março de noventa, tcharan tcharan ran: Bancos fechados, poupança, aplicações e contas confiscadas, todo correntista ficou com cinquenta mil cruzeiros, por mais uma mudança do nome da moeda, sem corte de zeros. Olha só o "Trauma", do Plano Collor 1, com sua principal marca do confisco dos ativos financeiros do país. Lembro-me de um colega de trabalho falando que ele ficou igual o António Ermírio, mesmo valor de cinquenta mil no banco. Eu respondi o que nos diferenciava - a capacidade de geração de dinheiro, o que no caso dele era infinitamente superior. Zélia, Ibrahim e Kandir, tornaram-se nomes da moda e nós todos os "trouxas" da hora, vítimas mesmo.
Eu já estava trabalhando na Siemens, perto da Lapa, entrando as sete e quando chegamos parecia o samba do plano doido, ninguém entendia nada na quarta cedo. Recebemos ordens de trabalhar, confusas ou não, todas inapropriadas. Assim foi na quinta, na sexta, quando o Homem tomou posse. Sábado e domingo de televisão, revistas e jornais tentando uma explicação. Só na segunda ao meio-dia é que interromperam toda a atividade. A empresa só retomou sua operação fabril em dois de maio seguinte. Ficamos sentados quarenta e cinco dias sem fazer nada, nadica de nada, nem ler podíamos. Minha sorte foi que consegui mudar de emprego nesse frege todo. No meio disso, as importações foram liberadas, pois o Collor achava que nossos carros, da época, não eram mais que meras carroças.
Óbvio que não deu certo e o mesmo Presidente valeu-se do Plano Collor 2, em janeiro de noventa e um, de novo com congelamento e contenção de salários. Extinguiu o overnight, etc e loisa, porém menos de um mês depois já tinha desandado, culminando numa inflação de quatrocentos e setenta e dois por cento ao final desse ano, além do próprio Presidente já dar sinais de sua sujeira toda. Resultado mais do que sabido foi o impeachment e aí não é plano.
Só sei que os carros importados chegaram; primeirão e popular foi o jipinho Niva da Lada, na faixa de dez mil dólares e tração nas quatro rodas. Choveu jipe e secou tão rápido quanto. Mais carroça do que esse jipe só mesmo uma carroça, frase de um conhecido do momento, o Marcus, infeliz proprietário de um, só dava problema. Derreteu a bateria e rodou na Marginal, mas era bonitinho e tão ordinário como só.
Já disse da minha sorte em mudar de emprego e nessa altura já tinha voltado ao Grupo Votorantim, agora na Cimento Itaú, quando o Plano Real chegou, em vinte e oito de fevereiro de noventa e quatro, primeiro como URV em transição até primeiro de julho e mudou a moeda, já antes mudada de Cruzeiro Real para Real, com os preços fixados em URV, Unidade Real de Valor. Sabem que o diagnóstico desse plano é o mesmo do Plano Cruzado. Foi considerado um êxito e presidentes vêm tirando uma casquinha dele até hoje, já três eleitos e reeleitos. Eu fui apresentado ao downsizing e ganhei uma demissão, entrei nas estatísticas do jovem quarentão velho para o mercado e fui bater lata nas entrevistas da vida, até me tornar sócio de empresa quatro anos depois, sendo este o meu verdadeiro plano real.
Por isso tudo é que disse ser fruto desses planos todos e nesta terça de Piracicaba, dezenove de cinco de quinze, meu plano é esquecer todos esses planos todos, mas o Levy não quer deixar...
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