Meu querido amigo,
Vou lhe contar um segredo...
Desde a minha separação, decidi fazer da minha experiência, não um modelo a ser imitado, mas uma vivência real que mostrasse, sem palavras, que a vida vale a pena e que para tudo existe uma solução. Decidi que tornaria visível aos olhos alheios aquilo que aprendi através das minhas experiências, leituras, observações e constatações do modo de viver que estabeleci como norma. Que ao invés de falar, iria viver coerente com o que acredito ser a minha Verdade.
E continuo aprendendo, muito, e constatando que a vida é muito simples, muito clara e exige muito pouco para sermos realmente felizes.
Não falo de cenas paradisíacas,sonhos fantásticos,situações de grande efeito. Muito menos de flores do campo,horizontes multicores e outras imagens assim.
Mesmo porque, na prática, a teoria é outra... A vida é muito mais significativa que isso tudo. Não quero usar jargões, frases pré-fabricadas, sentimentos comuns e mesmo simplórios.
Falo da simplicidade da alma, daquela alma que não usa maquiagem, que não assimila padrões da maioria, mas que vibra e sofre com a busca incessante de superar-se a si mesma.
Existe um padrão pessoal, independente das escolhas generalizadas e esse sim, deve ser a medida da própria evolução. A superação só existe, quando sentimos que, individualmente, sem um vínculo sequer, alçamos um nível superior àquele em que estávamos. Isso é que nos dá a alegria incessante, o riso permanente, a esperança verdadeira.
Não existem rótulos nessa atitude. Ela é plena e cabível a cada um de nós, sem comparação a outra coisa, que não seja o conhecimento de nós mesmos.
Para isso, não precisamos de aprovação alheia, não precisamos de instrução especializada, não precisamos de nada que venha do exterior para instalar-se como uma “nova verdade”.
É a nossa própria verdade, sendo desenvolvida com o próprio olhar, com a própria capacidade de enxergar além das aparências.
É a sensibilidade de saber que a cada dia nos tornamos melhor, com nossas próprias armas, e que as regras são somente aquelas que o coração dita e a consciência avaliza.
Agradeço demais o crédito que me oferece, de maneira tão carinhosa, e que me enche de orgulho.
Não por eu ter sido um elemento de mudança para você. Mas por poder ter sido um espelho, que refletiu unicamente aquilo que você já era, mas que não podia ver no seu espelho pessoal que se encontrava embaçado pela difícil busca do encontrar-se inteiro.
Fico feliz, pois cumpri o papel com o qual me comprometi. Ser um espelho quando a visibilidade do espelho do meu próximo torna
impossível ver a própria beleza que é apenas e tão somente dele.
Não fui eu quem montou o quebra-cabeça da sua vida. Com certeza nem seria capaz de fazê-lo. Foi trabalho seu, fruto de uma busca permanente pelo crescimento pessoal e que talvez nem você percebesse.
Essa é a grande maravilha dos que realmente vivem com simplicidade de espírito. Buscam naturalmente, suavemente, sem atropelos a resignificação da própria história. O mérito é todo seu. Fique tranqüilo, pois não precisará de mim como atalaia da sua nova fase. Já provou, e muito bem provado, que é capaz de viver a sua realidade com competência.
Só me resta desejar, que seja também a prova viva de que a vida vale a pena, e ser um espelho para outras pessoas que buscam a felicidade.
Com imenso carinho
Ângela
08/01/2007
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