Essa produção do cinema nacional é baseada numa história real que um dia foi documentada por uma equipe de reportagem do “Fantástico”, embora seja um assunto recorrente (o nordestino retirante) não deixa de apresentar aspectos interessantes que vão um pouco além do assunto principal.
Mas só um pouco.
O filme poderia ter sido um pouco melhor já que um argumento como esse poderia render mais nas mãos de um diretor mais talentoso e com um olhar mais apurado aos problemas sociais, é visível a tentativa de tornar a história mais leve e atraente para o espectador.
Um casal e seus cinco filhos atravessam em seis meses cinco estados e 3200 quilômetros em quatro bicicletas em busca de uma vida melhor ou nas palavras do pai de família Romão “de um serviço de mil real por mês" que segundo sua visão seria o justo e o necessário para dar uma vida digna a sua família.
Wagner Moura que interpreta o pai, Romão, mais uma vez faz um belo trabalho interpretativo emprestando muito bem ao personagem seu olhar profundo e presença marcante, dá veracidade ao fato de um homem com seus trinta anos já ser pai de cinco filhos e parecer muito “vivido”.
Cláudia Abreu a mãe,Rose, também está muito bem e protagoniza ao meu ver a melhor cena do filme onde ela interpreta com sotaque nordestino uma canção de Roberto Carlos (“Como é grande meu amor por você"), além de desempenhar no papel de uma mãe de cinco filhos um retrato bem acabado da mulher nordestina (já vivido antes por ela em “A guerra de canudos” com José Wilker).
O grande problema do filme é que parece ter sido resumido demais, espremido para caber em poucos minutos e isso invariavelmente suprime muito de sua arte e interesse, a fotografia é boa, tem locações interessantes como Juazeiro do norte e todo a fé que envolve a imagem de Padre Cícero, personalidades folclóricas como Sidney Magal e a interessante relação entre pai e filho, mas cai na armadilha das simplificações o que tira e muito o brilho da fita.
De qualquer forma vale como passatempo e entretenimento sem muitas exigências.
