MUITO AZAR
Várias vezes encontrei Maria em reuniões na casa de uma amiga, de quem ela também era amiga. Conversávamos, dávamos risada, mas nunca chegamos a ter grandes intimidades.
Um dia, ao entrar em meu prédio, o zelador veio dizer que ela estivera por lá e parecia muito nervosa. Diante disso, ele propôs que ela me esperasse. Aí a moça ficou mais aflita ainda, e acabou confessando que precisava ir ao banheiro. Mas, infelizmente, naquele prédio antigo não havia toalete ali no térreo. Ela pediu, então, que pudesse ao menos usar uma torneira. Isso era fácil, ele indicou uma no meio do jardim.E ficou olhando, encafifado...
Maria tirou um sapato e pôs-se a lavá-lo. Depois, calçou-o novamente e se foi, agradecendo muito.
Mais tarde ela me ligou e contou o caso. Tinha, naquele dia, hora marcada com o médico, quase meu vizinho. Ia andando pela calçada, quando de repente pisou... ah! malditos cachorros!...
Já imaginou, chegar ao consultório do psicanalista, e pela primeira vez, com um monte de merda no pé?
Beatriz Cruz
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