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Contos-->Ferias de julho -- 08/10/2001 - 20:30 (Cristiano Dimas dos Santos) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Uma semana antes de comecar as ferias de julho,
tudo ja estava supostamente pronto e combinado.
Na cabeca dois pensamentos:
O primeiro era o de nao pegar recuperacao,
O segundo era o de saber quando partiriamos e qual dos primos queridos passariam as ferias tambem na casa da vovo.
Tudo preparado.
O final de semana chegou.
Na partida uma felicidade explicavel.
Era um sentimento de pura alegria.
Papai e mamae incumbiam-se da tarefa de colocar as coisas dentro do carro e nos de colocarmos os brinquedos do ultimo natal.
Papai dava a ultima olhadela para ver se a casa estava bem fechada. Mamae ja estava dentro do carro tratando de nos acalmar.
Mamae tambem demonstrava um pouco de impaciencia com a demora de papai!
Entao, papai entrava no carro, uma Veraneio Bonina dos anos setenta, que mais tarde fora trocada por uma cinza dos anos oitenta.
Ate que enfim conseguimos partir.
A cada quilometro percorrido nossas ansiedades aumentavam, principalmente pela paisagem que a cada momento ficava mais familiar. Familiaridade que nos dava sinal de que estavamos bem proximos a terra prometida. Depois de um tempo de viagem, chegamos proximo a cidade de destino, honrozamente chamada Engenheiro Correia em homenagem ao seu fundador e construtor da via ferrea ou vulgarmente da linha do trem hoje desativada. A cidade era na verdade um distrito da historica Ouro Preto.
Nosso carro passando pela principal rua da cidade era um atrativo para o pessoal de la.
E nos do lado de dento, meu irmao e eu, olhavamos o lugar e a atracao era o pessoal do lado de fora.Um pessoal bem simples!
Eramos doidos para que conscidisse do trem passar, pois a estacao era a uma rua abaixo, ou seja, um caminhozinho abaixo da rua principal.
Estando perto de chegar a casa da vovo, subiasse uma pequena colina e logo vinha uma decida e entao uma bifurcacao. E logicamente uma porteira daquelas que arrastam no chao e que tinhamos que empurrar com forca de gente grande.
Aberta a porteira o carro passava e depois a fechavamos.
Ja era a primeira atividade do passeio.
Logo a frente uma outra porteira, igual de peso mas facil de abrir.
Entao de novo o carro passava e a gente logo tratava de fecha-la.
O carro descia o caminho ate chegar a frente da casa da vovo, que nao nos esperava.
Depois de alguns segundos chegavamos.Todos felizes pela primeira atividade que era a de abrir e fechar as porteiras.
Minha avo Julia, que na verdade nao era so minha, estava com vovo Geraldo abrindo a porta.
Era aquela felicidade, tudo era festa.
Era um tal de dar bencao que eu nao sabia muito bem para que servia. Queriamos mesmo era prescrutar o lugar!
Mais tarde dei fe do que era tudo aquilo.
O ritual da chegada foi cumprido, as coisas que estavam dentro do carro ja estam agora dentro de casa, no quarto onde iamos dormir.
Logo, nao sei porque, ja iamos para o quarto do vovo para mexer nas coisas dele e um tempo depois para o paiol vizitar as galinhas, onde erroniamente ficavam para botar os ovos.
Galinha que e galinha de interior bota ovos em todos os lugares, menos no galinheiro.
Depois, eu me encontrava com meu irmao para descermos o quintal para debaixo dos doze pes de jaboticaba. Eram imensas.
Em um dos pes havia uma gangorra com enormes cordas, por enquanto desputada entre meu irmao e eu, que mais tarde seria desputada pelos primos e tios que estavam para chegar.
As horas foram passando e o dia junto como se fosse um picole em dias de calor esvaindo-se pelos dedos de uma crianca.
Uma certa frustracao nos cabia em sentir o tempo passar.
Aos pouco foram chegando os primos.
Cada um com seus respectivos papais e mamaes.
E a cada chegada uma festa.
Beijos e abracos, pedidos de multiplas bencaos. E as respostas dos adultos tios e avos eram uma so:
Deus te abencoe, meu filho.
Acho que nao nos enteressavam muito por esse ritual.
Queriamos mesmo era tirar os bambas e os kichutis para colocar os pizantes no chao e andar por aquele lugar tao bem cuidado pelo vovo.Todos brincavamos pelo grande quintal.
Nos nos misturavamos as galinhas, as bananeiras, as mexeriqueiras, as mangueiras, enfim, aos varios pes de alguma coisa. Nos dias de sol quente poderiamos escolher ir para a sombra das arvores ou para dentro da casa bastante fresca. Principalmente as camas bem estendidas com lencoes brancos.Ou ,afinal, ir a cachoeira que ficava em outro lugar, mas na mesma cidade na casa de um tio de meu pai.
Quase sempre durante os dias de ferias iamos mesmo era para a cachoeira. Preparavamos tudo, nos mesmos.
Levantavamos e tomavamos cafe com pao, e algumas vezes angu frito -
Coisa tipicamente interiorana.
Pegavamos os paes e colocavamos salame e queijo e depois caminhavamos para o engenho de cana bem na porta da cozinha que o nosso avo construiu! Mais tarde foi trocado por um engenho maior movido a motor que o meu pai comprou em Belo Horizonte.
O motor ja tinha! Era um motor de fusca movido a gas.
Engenhoca pensada pelo meu tio Tarcisio.Tal engenhoca movia o moinho de cana como tambem gerava enegia para casa.
Meu avo nao perdia o Globo Rural aos domingos.
Mas isso nao impedia que se usasse lamparinas e velas.
Ha!! Nosso avo tinha uma televisaozinha colorida. Nao que a imagem fosse colorida, mas sua caixa, que tinha a cor azul clara. A imagem da televisao chuviscava muito. As vezes nao dava para ver nada. Estas ficavam a merce dos ventos e das ondas longas,medias e curtas.
Aproveitando as engenhocas do lugar, moiamos a cana e colocavamos seu suco na garrafa de coca-cola de litro que ainda era vidro.
Tudo era colocado nas mochilas e depois partiamos para a cachoeira.
Partiamos sempre pela porta da cozinha, ponto estrategico para nosso abastecimento.
Todos felizes, passavamos pela lateral da casa seguindo em direcao a frente,
onde de fato pegariamos o caminho rumo a cachoeira e tambem a casa do tio Pedro.
O caminho era cheio de arvores que nos cobriam,ou melhor cobriam o caminho sempre. La, o dia claro ficava quase escuro. Alguns raios de luz conseguiam penetrar. Seguiamos todos juntos. Em alguns momentos paravamos no meio do caminho por causa de alguma atracao inesperada.
Como exemplo, um ninho de passarinho, uma piabinha que passava no rego d’agua, as pequenas cavernas que alimentavam nossa imaginacao sobre o que haveria la dentro ou ate mesmo as muitas aranhas do lugar com suas enormes teias. Para o espirito de crianca quase adolescente nada era impossivel.
Tudo era uma grande aventura.
Para chegar a cachoeira precisavamos de uns trinta minutos regularmente. Este caminho nos levava talvez nao somente a queda d’agua, mas tambem a um mundo imaginario.Passavamos pelas pequenas cancelas que demarcavam limites de terras. Chegando proximo a casa do ti-Pedro, ja encontravamos o moinho de milho a todo vapor moedo as sacas da colheita de milho da propriedade. Lembramos muito bem desse lugar onde havia o moinho.O lugar era bastante umido e cheio de moranguinhos silvestres. Coisa que crianca da cidade grande nao conhece facilmente. Continuando a caminhada, passavamos por este moinho, atravessavamos um pequeno rego d’agua dando de frente ao quintal de tras da casa. Quintal repleto de laranjeiras e jaboticabeiras. Caminhando mais adiante, viamos a porta da cozinha sempre aberta com uma pequena cancela, porem muito bem vigiada por dois cachorros que nao sei a raca. Na porta da cozinha sempre havia tambem tres varas para pescar e uma grande caixa de marimbondo a direita da porta. Acredito que eram de estimacao. Adentravamos primeiro pela cozinha e ja encontravamos os nossos tios, Pedro, Zeze e o Izaias. Esse ultimo era meio bicho do mato. Sempre quando alguem de fora chegasse ele sairia de fininho. Depois de vasculhar a casa inteira com a curiosidade de crianca, deixavamos alguns pequenos pertences e partiamos para o objetivo final, a cachoeira. Atravessamos a casa toda e saimos pela porta da frente que dava para uma sacada estilo grande casarao do seculo dezoito. Entao desciamos as escadas desviando das grandes pedras que havia no quintal da frente ate sairmos na porteira principal da casa. Pegavamos uma larga estrada de terra que em tempos de calor e de chuva Deus desconhecia. No calor a poeira era tanta que quando o onibus Cristo Rei passava, corriamos todos da grande nuvem de poeira que se formava pela extensao da estrada. Quando chovia era pior ainda. Era um deus nos acuda. Caminhao de carvao e os onibus da ja mencionada viacao Cristo Rei ficavam atolados ou saiam deslizando pela estrada afora. Mas agora estamos em tempos de calor e voltemos a andar rumo a cachoeira. Atravessamos a cerca e entao entramos no terreno onde ela fica. Era tudo gramado, parecia um tapete verde. Mais ou menos nas proximidades havia uma arvore bastante velha, talvez quase morrendo. Seu tronco robusto com cascas grossas e algumas cigarras mortas e um enorme buraco ao centro. Nao sabiamos o porque daquele buraco.
Entao, cada vez mais perto da cachoeira, nos criancas comecavamos a esquecer pelo caminho nossos pertences como chinelos havaianas, camisas e outras coisas. Finalmente, banhavamos nas aguas tao sonhadas das ferias.
E assim foram algumas das ferias das criancas que hoje sao homens!

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