Usina de Letras
Usina de Letras
38 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 


Artigos ( 62784 )
Cartas ( 21343)
Contos (13287)
Cordel (10347)
Crônicas (22565)
Discursos (3245)
Ensaios - (10537)
Erótico (13585)
Frases (51169)
Humor (20114)
Infantil (5541)
Infanto Juvenil (4867)
Letras de Música (5465)
Peça de Teatro (1379)
Poesias (141076)
Redação (3341)
Roteiro de Filme ou Novela (1064)
Teses / Monologos (2439)
Textos Jurídicos (1965)
Textos Religiosos/Sermões (6298)

 

LEGENDAS
( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )
( ! )- Texto com Comentários

 

Nossa Proposta
Nota Legal
Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
cronicas-->A noute do Deus menino -- 11/09/2014 - 14:00 (Brazílio) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

A noute do Deus-Menino

Eram aqueles natais doutrora, em que bençãos divinas e águas celestinas eram derramadas em proporções iguais,

infundindo corações, regando quintais.

A travessa São José, nosso beco, tampouco ficava a seco: ainda de terra batida se

tranformava num pàntano, escorregadio, porém um bom atalho, ligando bairros

mais distanciados ao mais curto caminho para centro da Velha Serrana, para onde

demandava a turba, na busca do Natal mais santo, com todas as suas liturgias e

ave-marias e outras ingresias.

E muitas delas havia: do fascínio da missa da meia-noite ao convite irresistível da

boate, passando pelo cinema, por esquinas, ruas calçadas, bares, profanos lugares.

E a véspera do Natal era uma só; era preciso se assenhorear daquele momento de

encanto, enquanto durasse e se iluminasse o breu.

Embora ainda não fizéssemos jus à cesta ou aos panetones, o ambiente no lar se

alterava, se elevava e quanta emoção dava, em torno do presépio, com seus

bichinhos, a gruta-manjedoura e aquele tufo de arroz, verdinho, plantado numa

lata de sardinha no dia de Santa Bárbara e portanto velho de quase três semanas,

adereço indispensável que parecia ter partes com a energética esperança no Deus-Menino.

E nosso presépio ainda havia adquirido a feição meio-oriental quando mana Victa, convertida

em paisagista, esculpiu na bruta argila, da amarelada à violeta, aquelas casinhas abobadadas

que a gente só via em filmes.

O que nos ligava à agitação externa, à rua encharcada, entretanto, eram as lanternas. Uma delas

para cada rebento de papai e mamãe, com estrutura de madeira, envoltas em papel celofane, de

cores variadas que, com uma vela espetada no centro pendurávamos no alto das paredes externas,

quase junto ao telhado.

E tinha passante, até mesmo distante viandante que apreciava aquela manifestação a ponto de

comentar que valia a pena o barro amassar só pra ver aquele ispetaco de luzes coloridas.

Na manhã seguinte, terminado o desembrulhar de presentes em que Papai Noel se

fizera representar pelas nossas vizinhas tias, a hora era de verificar como as lanternas haviam enfrentado as

rajadas, trovoadas e aguadas da noite. Umas poucas sobreviviam intatas, protegidas contra a ventania. A maior

parte aparecia chamuscada, nua, já queimadas vela e papelada, mas valera, ah como valera a

noite encantada!
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Perfil do AutorSeguidores: 9Exibido 187 vezesFale com o autor