São Paulo, 27 de julho de 2007
Pra você
Ontem, estava uma noite fria. O vento sacudia as telhas de zinco do estacionamento ao lado de casa e fazia tremer as portas e a janela do meu quarto. A chuva fina tamborilava nas telhas de zinco e como melodia me levava longe a pensar em você, e esta mesma chuva fustigava a vidraça e me impedia de ver além do que levavam meus pensamentos. Neste instante de absoluto esquecimento da realidade , uma névoa de estupefação, sensação morna de torpor e de sono me dominam e ainda assim insisto nos meus pensamentos. Sinto as pancadas surdas do meu coração martelarem a minha mente e lembro-me do calor do toque dos seus dedos tocando minhas mãos.
Volto no tempo e que bom se pudesse ter ficado à beira da estrada da minha cidadezinha, encostar o meu rosto na frescura do capim molhado, dormir, esquecer e assim fugir da pavorosa contingência de seguir meu caminho sem você.Gostaria de ter ficado na estrada como uma lâmina de relva e olhar as estrelas ,pois enquanto elas brilham há sempre uma esperança...
Continuo a pensar no passado e uma pontinha de saudade e um pouco de remorso invadem-me. A solidão então, me avisa do meu remorso por não ter feito valer a pena as minhas emoções, os meus sonhos.
Tento ansiosamente vislumbrar meu amanhã e então me lembro que fui procurar na Bíblia a passagem do Sermão da Montanha onde diz: ¨ Não andeis ansioso pela vossa vida. Consideram como crescem os lírios no campo, eles não trabalham e nem tecem, no entanto eles estão lá. Não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã terá os seus cuidados. ¨
Sei que Deus é de uma nitidez maravilhosa e por meio de minha funda compreensão de vida, Ele há de me ouvir e dar uma direção para os meus dias.
E pensando assim, vou adormecer na esperança alvoroçada de poder amanhecer com a certeza de que nada acontece em vão na vida e que vale a pena sonhar nossos sonhos.
Com carinho
Milla