CORRE-CORRE NA MADRUGADA
Acordei no meio da noite com intenso barulho de vozes. Abri a janela e o que vi surpreendeu-me: todas as casas em volta com luzes acesas e muita gente na rua!
Homens que falavam alto, mulheres abriam portas, gente corria...
Fui procurar meus pais e não os encontrei em casa.
O que estaria acontecendo?
Voltei à janela para ver se descobria a causa de tanto alvoroço.
Percebi, então, que as pessoas carregavam baldes, panelas, caldeirões...
Será que o povo da cidade havia enlouquecido?
Ou eu é que estava sonhando?...
Na certeza de estar desperta, desci a escada e fui espiar mais de perto. Ao abrir a porta, vi que a loucura atingira nosso próprio jardim. Gente desconhecida entrava, enchia aquelas vasilhas de água e saía correndo. Todos falando alto: “mais um!”, “passa adiante!”, “olha a fila!”
Quis perguntar o que estava ocorrendo, mas ninguém me enxergava. Parece que a menina de pijama ali plantada tinha ficado invisível.
Fui para o meio da rua. Na calçada, uma enorme fila virava a esquina. De todas as casas saía gente. E os baldes, caldeirões e panelas cheios de água passavam de mão em mão, espirrando pelo caminho...
Não tive coragem de chegar até a esquina, mas vontade não faltou.
Perdida no meio daquela confusão, achei melhor voltar para a cama.
No dia seguinte, fiquei sabendo da história. Uma loja, a duas quadras de nossa casa, tinha pegado fogo!
E o povo unido conseguiu apagar o incêndio.
Bombeiros, não havia por aqui...
|