Não bastava muito, eu já teria de sair. Os garçons empurravam as mesas num gesto típico de quem se aborrece com sua presença. Eu descobri, naquela altura da noite--três da manhã--que as duas moças que se encontravam à minha frente, por trás de minha namorada na época, encompridavam os olhos. As duas. Não era só uma. Uma delas era morena, os cabelos encaracolados caindo aos ombros bem torneados, olhar intenso e provocativo. A outra tinha cabelos claros, a pele branca cheia de sardas. Diria que seria quase ruiva. Notei que a morena tinha mais atitude, a menina ruiva era menos atirada mas olhava-me de modo como se olha um alvo, vez em quando.
Determinada hora, precisei ir ao banheiro e passei por dois garçons discretamente nervosos. Foi quando ouvi dos lábios da morena:
--Está na hora de neném dormir em casa!
Ela olhou para minha namorada que, sonolenta, nem atinava com nada(pouco se lhe importava qualquer coisa, havíamos acabado de discutir nossa relação...). Voltei decidido a levá-la para casa. Mas ao passar pela mesa das duas que já se levantavam, uma delas me pôs um papel no bolso. Coração aos pulos, eu as olhei e lá estava o telefone e as palavras:
"--Nós te esperamos no carro vermelho em frente ao bar".
Discutimos mais um pouco, eu e minha agora ex-namorada, porque ela resolveu me dar um pé na bunda ali mesmo. Que podia fazer? Afinal, as relações humanas são efêmeras, rápidas e voláteis. Um beijo frio marcou nossa despedida, ms eu estava mais interessado nas duas malucas que me haviam olhado. Sem acreditar que estivessem ali ainda, voltei com meu carro. Um piscar de faróis me chamou a atenção; as duas haviam até marcado qual era meu carro! Elas me fizeram um sinal e eu fui atrás delas. Paramos em frente a um luxuoso prédio, com entrada e duas cascatas e tudo o mais. Um prédio enorme, cheio de seguranças. Vi que elas falaram algo, o segurança hesitou e veio me pedir os documentos. Uma encarada mais forte, um olhar dentro do carro e eu já estava entrando no condomínio de luxo. Passamos por um portal, onde dois leões seguravam um pórtico dourado.
Elas pararam o carro, estacionaram e eu logo atrás. Desci, atônito com a beleza do local.
--Boa noite!
--Boa noite! Nossa, lugar deslumbrante!
--Gostou? Eu moro aqui--Disse a ruivinha que usava aparelho nos dentes.
--Os pais dela foram viajar pelo mundo. Dois meses fora!--Falou a morena. --Meu nome é Roberta.
--E eu, Luci!
--Prazer!
As duas me apertaram, uma de cada lado.
--Ei!
--Calma, menino. Colocou o neném pra dormir?
--Bizarra, ela tem cara de quem estuda demais...
--Tem cara de birrentinha, filhinha de papai.
--Tem cara de quem não te satisfaz plenamente.
--Tem jeito de ser daquelas que são todas certinhas com você e, no entanto, por fora...
As duas faziam o gesto mais ridículo...Balançando os corpos numa coreografia dissonante...
--...Não dá conta do recado.
--Visivelmente.
--Sem dúvida.
--Posso falar?
As duas me olharam, ao mesmo tempo, retendo o fôlego e as risadinhas.
--Pode, meu bem.
--Claro que sim.
--Vai ter muito para falar com a gente. Suba.
--Então, ela é minha namorada; ou era.
--Ué, por quê?
--Brigou comigo. Me deu o fora.
--Bobo. Nós lhe mandamos um recadinho. Escrevemos num bilhete que você estava dando bola.
--Isso não foi legal!
--Ela já estava mais pra lá do que pra cá, menininho--Disse a ruiva, me dando uma baita chupada na orelha.
Eu a agarrei ali mesmo...antes de chegar no elevador eu a fiz sentir a potência do desafio que ela iria enfrentar...
--Nossa Roberta..O menino não é fraco não!
--Deixa ver...
Entramos na sala, os três embolados num amasso geral, elas se encostando em mim, eu encoxando uma, encoxando a outra... Entramos num ambiente perfumado, um quarto imenso, cheio de luzes e cama redonda, coberta de um finíssimo leçol de bordas douradas. O perfume vinha de um aparelho que emitia jatinhos ritmados e a luz vinha de lustres embutidos; imediatamente escureceram assim que Roberta as diminuiu.
As duas se atracaram, num beijo enorme, demorado, ambas tirando suas roupas. Foi quando estavam quase nuas, Roberta dona de um corpo escultural, Luci com seios grandes e pontudos, que elas resolveram me olhar. Perdi as roupas em segundos, sanduíche de duas mulheres doidas pra transar. Roberta me atacou por tras, Luci me encostou na parede, ambas me sugando, mordendo minhas pernas, minhas coxas...Eu gemia de prazer...Luci ficou nuazinha em pelo e foi a primeira a me receber, enquanto Roberta me beijava inteiro. Tive de me segurar muito, porque Roberta me requisitou logo e eu a possuí com força descomunal. Ela transava, e transava, e dançava na cama...As duas, animais no cio, se beijavam, enquanto uma e outra eram possuídas por mim... no final, já não me aguentando mais, tive um prazer demorado, longo, com Luci e Roberta me observou de olhos arregalados...
--Vai ter de vir aqui outro dia, porque dessa vez foi a vez dela...
--Com muito prazer!
Luci, estirada na cama, respirava aliviada com o gozo enorme...Eu estava muito cansado, porque elas haviam me extenuado...Tomamos banho os três numa banheira de imersão. Luci me olhava com jeito de apaixonada, Roberta com olhares de quem queria mais.Saí de lá lá pelas sete da manhã; antes disso nós três ainda dormimos um pouco...
Dentro de meu bolso, o bilhete ainda queimava: "Gostamos de você. Ainda essa semana, queremos você aqui, de novo. Só que dessa vez, você terá de terminar com Roberta o que começou comigo...Luci."
