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Cartas-->Ao meu Pai! -- 22/09/2007 - 13:11 (Maria Emilia Pereira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
São Paulo, Maio de 1.985

Meu querido Pai!

Estou dirigindo-me ao Senhor, por esta Carta,
porque não teria coragem suficiente para dizer
tudo o que estou guardando, há tempos,
por telefone, ouvindo, talvez, o seu choro,
do outro lado da linha.
Estamos distantes um do outro, há alguns anos,
porém, o sentimento que temos, em nossos corações,
é tão forte e vívido, que posso sentir, do lado de cá,
o pulsar de seu coração, quando nos falamos!
A angústia que lhe proporcionei, quando, sem aviso
prévio, saí do conforto de minha casa, do calor
de seus abraços, de sua proteção, sem precedentes,
para buscar novos caminhos!
Se eu estava certa ou errada, não sei.
Contudo, depois de todo esse tempo,
nem vale a pena discutir os erros ou acertos, concorda?
Durante esse tempo, já estivemos juntos por
diversas vezes, conversamos como bons amigos,
como Pai e Filha, mas sempre nos desviamos, os dois,
do que era mais importante discutir.
A minha fuga! O motivo pelo qual eu saí de casa,
tão jovem e inexperiente, como aconteceu!
Por isso Pai, hoje, estou tendo a coragem de
explicar-lhe as minhas razões!
Eu era muito feliz aí, junto a toda a minha família:
O Senhor, meus irmãos e minha irmã, pois Mamãe
deixou-nos, quando eu era ainda uma adolescente,
e o Senhor é a prova concreta do quanto sofri, com apenas
treze anos de idade, no momento, talvez, em que
uma filha mais necessita de sua Mãe,
de seus conselhos, de seu amparo maternal!
Mas ela se foi! “Descansou! Estava sofrendo muito!”
Era o que o Senhor nos dizia, para confortar-nos, lembra-se?
Pai! Foi naquele mesmo dia, em que Mamãe morreu,
que decidi não ficar mais nessa cidade.
Sabia, de antemão,que o Senhor iria sofrer muito
e eu também, mas o que me confortava, era saber
que o Senhor não estaria sozinho.
Sentiria a minha falta, do mesmo jeito, pois um filho
não substitui a ausência do outro, eu sei...
E sei, igualmente, o quanto sofri, principalmente
nos primeiros dias aqui na Cidade grande, onde
eu quase me perdia e minha única vontade, era voltar!
Porém, não voltaria! O Senhor me conhece bem
(sempre salientou isso). Sou teimosa e, quando coloco
algo na cabeça, não há quem tire!
Não parti porque era infeliz aí, Pai.
Eu vim, porque tinha um propósito. Crescer!
Estudar, ser alguém, ter um trabalho digno, progredir, enfim!
Por sua vontade, eu teria permanecido ao seu lado,
me casado com “um bom homem”, como sempre dizia
mas, isso não era o que eu queria...
Infelizmente, nós tínhamos sonhos diferentes!
Sempre fomos diferentes, não é verdade?
Hoje, Pai, que encontro-me formada, em um Curso Superior,
pelos meus próprios meios, sem ter tido a necessidade de me prostituir,
ou tornar-me uma pessoa desonesta (como o Senhor temia),
tenho um trabalho digno e seguro, vejo, em seus olhos,
quando nos encontramos, como o Senhor se orgulha de mim!
Só isso, Pai, vale ter sofrido tudo o que sofri,
para chegar onde estou!
E, a maior responsabilidade de tudo isso, é sua!
Foi pelo Senhor, para dar-lhe esta alegria, este orgulho,
que, um dia, sem pedir sua bênção, ultrapassando
todos os limites da Educação que nos deu, sempre,
eu viajei, para outro mundo, que não era o meu...
Para o desconhecido, sem ao menos ter noção
do que poderia acontecer-me, de bom ou ruim.
Apenas com a “Cara e a Coragem”!
Mas tive fé! Forças! Esperança!
E essa Virtude, Pai, aprendi com o Senhor!
Que é a pessoa mais correta, digna, ética e honesta
que já conheci em minha vida!
Eu te amo muito, Papai!
Fique com Deus e obrigada por ser meu Pai!
A sua bênção!
Sua filha que muito lhe ama.

Maria Emilia Pereira




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