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Artigos-->NA GARUPA COM CHE -- 14/09/2003 - 01:48 (carlos guilherme kappel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
NA GARUPA COM CHE





Dezembro de 1951. Duas pessoas numa motocicleta Nortom entre Neroches e Baya Blanca no sul da Argentina. Quem dirige a moto que de tão pesada, já provocou onze tombos apenas hoje, é um rapaz no final da adolescência. Seus nomes: Ernesto Guevara de la Serna e Alberto Granado Jiménes que está na carupa. Dentro de alguns anos serão conhecidos por todo mundo.Um como guerrilheiro e outro como Ministro da Saúde de Fidel Castro. Mas não é bem por aí que pretendo pincelar o perfil de Che. Quero mostrar que este rapaz com seus vinte três nos, ainda estudando medicina.

na Universidade de Buenos Aires como qualquer rapaz que um dia fomos. Nossa fé no ser humano, nossa poesia, nosso destemor, nossas esperanças. Para muitos infelizmente nossa vida provocou com que deixassem na estrada estes alimentos de valor inestimável. Para “Che” a vida proporcionou que estes alimentos se multiplicassem. Não me lembro do autor da frase que diz mais ou menos assim: ”O adulto se torna oco quando perdeu

aquela energia da adolescência “. E a energia deste Ernesto é oceânica. Assim como seu humanismo. O destino dos dois é a Venezuela. Para isto levarão tombos e mais tombos nesta expedição pela América Latina. Faz um mês que seu pai ao relatar o que” Che” pretendia, ouviu de um sacerdote amigo da família: “Meu caro, eu me sinto capaz de fazer qualquer sacrifício pelo meu próximo, mais viver entre leprosos em um lugar sem higiene nos trópicos, é algo que não conseguiria fazer”. “Tiro meu chapéu para a integridade humana de seu filho”. Referia-se ao que “Che”, mesmo terminando a faculdade de medicina, realizou tarefas de gente grande na vila de São Pablo em plena selva amazônica. Nesta viagem se revela o conflito de um adolescente terminal em relação a um futuro ainda incerto. Muitas vezes pensa em ser pesquisador, outras viajar para Europa. Conflito típico de um rapaz no final da adolescência. Na estrada em direção a Bariloche vai

recitando a poesia de Miquel Otero Silva, poeta e escritor Venezuelano:







“Eu escutava passos no barco

os pés descalços

e pressentia os rostos anoitecidos de fome

Meu coração era um pêndulo entre ela e a rua.

Eu não sei com que fôrça me livrei de seus olhos

Libertei-me dos seus braços.

Ela ficou, nublando de lágrimas sua angustia.

Atrás da chuva e do cristal

Porém incapaz de gritar: Espera-me,

Eu vou contigo ““.



Esta expedição que é a primeira ainda não semeará o futuro guerrilheiro mítico. Apenas abrirá o pano de sofrimento no palco desta nossa América Latina. Assim como, mostrar para o jovem a nossa fraternidade, a amizade que compartilhamos entre nós mesmos e sofrimento que também compartilhamos. Nossa disponibilidade. Nossa alegria que nunca se alquebra.Mesmo com a insensatez da vida, que fará sim, que ele assuma seu lugar que é o mundo. Sua profissão viajante neste mundo. Daqui a pouco quando chegarem ao Peru mostrará seus profundos conhecimentos da história Inca e dos seus monumentos.Mais a frente será campeão latino americano de xadrez. Lá no norte ajudará com seu calor humano várias colônias de leprosos.Quase chegando na Venezuela revelará seus dons literários escrevendo para um jornal de uma pequena cidade. Sua perícia com a máquina fotográfica é invejável.

E por fim retornando para sua terra natal escreve: “A menos que você conheça a paisagens que eu fotografei, será obrigado aceitar minha versão delas. Agora, eu o deixo em companhia de mim, do homem que eu era.” Por aí se vê o quanto esta viagem o mobilizou



Basta por enquanto. Na segunda parte falaremos ainda mais deste poeta romântico que um dia se tornou guerrilheiro.Como que a vida forjou uma pessoa prendada e de extrema sensibilidade, cuja profissão era salvar gente. E se tornou o avesso.





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