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Cartas-->Aos Habitantes do Pântano -- 13/09/2007 - 08:48 (Ivan Guerrini) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Pois é, Renan Calheiros foi absolvido. Para a maioria, uma bosta de resultado, uma vergonha nacional. Eu, que fico indignado com muita coisa, não fiquei com esse fato. Minhas tendências e escolhas políticas? Pode ser... Considero-me de centro-esquerda, flexível até onde eu aprendi a ser até agora. Busco ser cada vez mais flexível, buscando o caminho do meio... Porém, desde que essa estória do Renan está pipocando, fico pensando que quem começou tudo foi a revista Veja e aí pega... De novo a ditadura da mídia vem à tona. Veja e Globo já fizeram e desfizeram neste país desde 1989, como todos sabem. Outros órgãos não ficam atrás, como o Estadão. Então a questão é de foro íntimo: você está querendo que Renan seja cassado por sua plena convicção de que ele é uma laranja podre no meio de outras boas e ótimas ou você está sendo levado pela mídia ditadora de condutas? Você crê realmente que Renan é um ser enlameado no meio de anjos de candura? Para você Renan é um habitante do pântano enquanto os demais são das terras férteis e ensolaradas? Mais ainda: você crê que Renan e alguns outros são seres pantanosos do congresso e do senado brasileiro e representam apenas uma pequena facção corrupta do povo brasileiro, que precisa ser eliminada, enquanto a grande maioria é limpa e honesta e não merece essa má representação política? Você crê mesmo nisso? Que tipo de revista você assina, começa por aí... Você acha que a maioria das pessoas olha para seus espelhos nas atitudes que toma no dia-a-dia? Acha mesmo? Mais: você acha que a maioria dessa grande turma que quer a eliminação de Renan, “o sujo”, o fazem por desejo de melhorar o país e não tem nenhum interesse pessoal ou partidário na jogada? Ora, ora, ora... santa ingenuidade... Eu sei que alguém pode dizer que tudo isso que digo é retórica para justificar o injustificável e que um milhão de erros não justifica o próximo. De fato... Admito que é um bom argumento. Renan pode ter cometido ao menos parte das falcatruas das quais o acusam. Pode... Mas, uma perguntinha idiota: quem pode julgá-lo? Quem é pior ou fez pior há pouco tempo no poder tem alguma moral? Quem comprou votos no mesmo senado tempos atrás tem uma vírgula de moral para cassar o Renan? Por que a Veja nunca voltou sua metralhadora para alguém do PSDB? Por que??? Ali não teria respingos de lama nenhuma? Essa mídia presta serviço para o Brasil ou para alguns partidos? O que corre nos bastidores de interesses de denúncias de um lado só desde que Lula foi eleito? A conclusão é que os pantanosos estão sempre do mesmo lado? Puxa... Não estamos instituindo dissimuladamente um maniqueísmo político??? Muitos hoje têm vergonha de Lula como presidente. Para mim, um preconceito enrustido, disfarçado durante algum tempo, mas que nos últimos tempos, com a cobertura da mídia ditadora achou brecha para se manifestar. Eu tenho mais vergonha de um povo que vaia seu presidente na abertura de jogos internacionais. E dos que apóiam essa atitude. O fato que cada vez fica mais claro, ao menos para mim, é que tudo que venha direcionado por partidos políticos ou tenha interesses partidários está perdendo cada vez mais valor. Movimentos de cidadãos independentes é a luz no final do túnel, a meu ver. E isso não pode estar atrelado a nenhuma mídia, porque a grande maioria da mídia não é apartidária e livre como deveria ser. De outro lado, aos habitantes do pântano que estão totalmente indignados porque o “pantanoso” Renan não foi punido, eu coloco aqui a opinião do colunista Jânio de Freitas, da Folha de S. Paulo, publicada hoje, 13 de setembro de 2007. Ao ler o noticiário, ele me parece uma das poucas vozes com visão diferente da “maioria indignada” que não pertence ao terreno lodoso. Fez coerência para mim a sua escrita, talvez porque eu, como ele, goste de ser diferente, ou talvez porque eu seja de centro-esquerda, ou ainda porque eu apoio as opiniões diferentes da turba.

JANIO DE FREITAS

Renan no seu lugar

Incoerente é a projeção do fervor cívico sobre decisões dos habitantes do pântano a respeito de si mesmos

TODA INDIGNAÇÃO com a vitória dada a Renan Calheiros pode justificar-se como sentimento pessoal, mas a coerência com o país em que vivemos não está ao lado dessa reação. Está com os 40 votos favoráveis e as 6 abstenções não menos favoráveis à permanência do acusado, e autor de declaradas fraudes de defesa, como presidente do Congresso Nacional.
O Senado, contra apenas 35 dos seus 81 integrantes, decidiu que Renan Calheiros deve continuar com seu mandato e seu alto posto institucional no país em que a base parlamentar do governo e as votações no Congresso são montadas por corrupção política desabrida: as compras e vendas por meio de dinheiro público, manipulado nas verbas orçamentárias pelo governo, e de cargos na administração.
É o país em que o corpo ministerial se compõe como resultado de barganhas, políticas e materiais, que não se impedem nem sequer por participações em escândalos de corrupção e bandalheiras em geral, devidamente constatadas em passados escândalos investigados pelo próprio Congresso.
Não é preciso ir mais longe. Seria preciso lembrar o processo eleitoral brasileiro, feito a poder de dinheiro e de falsas prestações de contas? Ou os esquemas de corrupção financeira de partidos e de parlamentares, controlados pela cúpula política do governo e com presença constada dentro da Presidência da República? Não é preciso lembrar o que todos sabem, e reavivam sem descanso na sucessão de escândalos.
Se tal situação se mantém e cresce sem cessar, a incoerência não está em que uma de suas principais fontes consiga manter, não importa o nível de desafio e cinismo para isso necessários, o ambiente e os meios dominantes. Incoerente com o estado do país é a projeção do fervor cívico e de esperanças -estimulados por um fato apenas ocasional como as sessões do Supremo no caso mensalão- sobre decisões dos habitantes do pântano a respeito de si mesmos.
Não foi outro o motivo que levou o partido do governo a ser o fator decisivo para a permanência de Renan Calheiros, insisto, não só na presidência do Senado, mas como presidente do Congresso Nacional - um dos três mais elevados e equivalentes cumes institucionais do país. Desde a primeira sessão do Conselho de Ética, a senadora Ideli Salvatti pregava, mais do que a rejeição da denúncia contra Calheiros, que fosse rejeição por unanimidade. E, para saber a posição de Lula a respeito de assunto parlamentar, é só observar a de Ideli Salvatti, ontem autora de inflamada defesa de Renan Calheiros.
Os 40 votos contra a cassação e as 6 abstenções de igual propósito e efeito foram, não há dúvida, conscientes como atos pessoais e coerentes como atos políticos: Renan Calheiros é o homem certo no lugar certo.

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