Qualquer ser humano que tenha um mínimo de razão sabe que a questão palestina é um problema de difícil solução. Cada uma das partes envolvidas tem motivos para justificar seus atos. Mas não devemos deixar de admitir que o governo de Israel está dificultando ao máximo o plano de paz.
Os israelenses têm todos os direitos de exigir garantias dos palestinos quanto ao fim dos atentados terroristas, mas esquecem do principal que é o direito dos palestinos de terem um estado independente sem a interferência israelense. Nunca devemos nos esquecer que é o exército de Israel que ocupa os territórios palestinos, e que toda aquela região, inclusive o Estado de Israel, pertencia ao povo palestino.
Não é fácil para um povo viver sem direito a uma pátria, ser governado por um povo inimigo, e ainda por cima, conviver com seu representante legitimo confinado a um quartel sem direito de ir e vir. Assim como não é fácil para o povo israelense conviver constantemente com o medo de ataques terroristas.
Tudo isso faz de uma solução para a normalização das relações entre os dois povos um jogo de xadrez. Mas não resta a menor dúvida que a desocupação dos territórios ocupados e o fim dos assentamentos nesses territórios facilitariam consideravelmente as coisas.
Mas, ao invés disso, o que assistimos é o desejo obstinado do governo extremista de Israel em não negociar seriamente com o líder palestino e ainda por cima desejar a todo custo expulsá-lo de sua casa. Caso essa medida venha ser executada, certamente teremos um banho de sangue no Oriente Médio. Os palestinos já chegaram ao limite suportável, a expulsão de Iasser Arafat será o estopim de uma guerra sangrenta e jamais vista depois da Segunda Guerra Mundial.
Que a comunidade internacional e principalmente os EUA, cujo favorecimento a Israel é indiscutível, pressione o governo de Ariel Sharon para que não tome tal medida. Enquanto Arafat permanecer nos territórios ocupados existe uma chance para a paz, mas a expulsão dele é o fim de um sonho. Sem ele é impossível prever as conseqüências. A única certeza que se tem, é de que seriam desastrosas.