Usina de Letras
Usina de Letras
44 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62193 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22534)

Discursos (3238)

Ensaios - (10352)

Erótico (13567)

Frases (50598)

Humor (20028)

Infantil (5426)

Infanto Juvenil (4759)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140793)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6185)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cartas-->"DIA DOS PAIS". (Carta para meu pai já falecido) -- 06/08/2007 - 22:00 (Paulo Marcio Bernardo da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
“DIA DOS PAIS”. (Carta para meu pai já falecido)

Sabe pai,
Ainda sinto a sua falta! Foi na noite anterior ao Dia dos Pais que você sem mesmo se despedir, viajou sem jamais voltar.

Não foi fácil aceitar a sua morte não anunciada. O enfarto foi forte e fatal. Eu e mamãe nada pudemos fazer para salvá-lo, pois ele foi traiçoeiro e lhe atingiu dormindo. Não ouvimos barulho, não ouvimos gemidos, não ouvimos nada.

Pela manhã de sábado você foi encontrado na cama como se estivesse dormindo. Ainda virado de lado como sempre dormia, agora você não mais acordara. Aquela foi a última noite que você dormiu com mamãe.

Naquele momento eu não conseguia raciocinar e entender como um homem de apenas quarenta e cinco anos podia ter uma morte tão inesperada. Lembrei que no dia anterior lhe dei um beijo e desejei boa noite no corredor de nossa casa. Você havia saído do banho e colocado pijama e um roupão de chambre com sempre fazia. Estava com os cabelos grisalhos bem penteados e de chinelos acolchoados. O perfume do sabonete e do desodorante aromatizava todo o comprido corredor. Você foi para o seu que quarto e eu para o meu. Ali foi a última vez que nos falamos.

Logo naquele ano que você estava preparando um grande almoço comemorativo para os pais (associados do clube). Lá você (Vice-presidente social) seria o mestre de cerimônias e entregaria prêmios ao pai mais velho, pai mais novo e o pai com maior número de filhos. Foram convidadas cerca de quinhentas pessoas para o evento. O convidado especial seria o Sr. Omar Cardoso (astrólogo muito conceituado na época), seu grande amigo. Um grupo musical alegraria as festividades.

Você me deixou uma triste e desafiadora tarefa. Eu com apenas dezoito anos, filho único, precisei providenciar o velório e comunicar aos parentes, amigos, o presidente do clube e os demais diretores a sua morte. Naquele momento pedi para que a agenda fosse mantida, pois você era um homem alegre e festeiro e tudo que mais queria para aquele dia dos pais era que o evento transcorresse com muito requinte e alegria.

- Dizia você: (quando dos preparativos para a festa) Sempre homenageamos as mães e esquecemos dos pais, mas esse ano eu não vou deixar passar sem presenteá-los.

O Sr. Omar Cardoso (convidado especial) veio do Rio de Janeiro para as festividades, mas foi surpreendido pela triste notícia. Os amigos (muitos, felizmente) compareceram ao velório e ao enterro às onze horas da manhã. Eu jamais vira tanta gente em um enterro como foi o seu. Os jornais publicaram cartas e homenagens póstumas. A notícia de primeira página dizia: Morreu na madrugada de sexta para sábado de enfarto do miocárdio fulminante o “Querido Professor Cezar B. da Silva”.

Mas com a ajuda de muitos, pude cumprir a sua vontade. O evento foi realizado em sua homenagem! Os demais diretores do Clube terminaram o último evento que você programou e planejou, e na verdade, o maior homenageado foi você.

Todos sabiam do seu espírito empreendedor e de seu carinho com a sociedade petropolitana. Você foi lembrado ainda como homem público (Secretário de Cultura de Petrópolis) dedicado, e principalmente desprovido de orgulho.

Tudo isso que estou escrevendo pai, é para lhe agradecer pelos legados deixados. Os bons exemplos ficaram. Eu, dentro do possível estou procurando deixá-los assim como recebi para meus filhos e meus netos, que infelizmente você não conheceu.

Finalizando; quero lhe agradecer pela vida que você me deu, pela herança (não financeira) preciosa que você deixou, e principalmente, pelo amor que ficou semeado nos nossos corações.

Sinto saudades suas!
Até... O nosso eterno encontro!
Seu filho
Paulo M.Bernardo

06/08/2007.

* meu pai faleceu no dia 12 de agosto de 1967.










Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui