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cronicas-->1966 - Otelandi -- 27/04/2014 - 21:43 (Jairo de A. Costa Jr.) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Passou por nós um carro e eu disse - Quando crescer quero ter um desse. Eu não me lembro do nós, só do carro: um Fissore. Era de origem italiana, fabricado pela Vemag uns cinquenta anos atrás. Tem quase dois milhões de resultados no Google e outro tanto só de imagens, até eu tenho uma guardada de um, em testes, na Praça do Dante. Na época do seu lançamento, ele custava mais de seis milhões de cruzeiros, hoje em dia, mais de cem mil reais, carinho o danadinho. Só pra dizer que sempre temos vontade de ter um carro e eles passam, passam muito rápido. Esse Fissore passou por nós na esquina da Fernando Prestes com Henrique Volta. De quem seria, nunca saberemos, só as ruas que eram de terra e eu estava no ginásio.
Naquele momento, queria mesmo era que o meu pai tivesse um Scania e trucado, porém eu era feliz demais, dirigindo o cara-chato ou o onze-onze; quem não se lembrar desses, eram os Mercedes. Dos Fenemês não tive vontade, mas do Opalão eu tive muita, duas portas com rodonas, até os Dojão aparecerem e arrasarem. Dodge Dart, por favor. Depois fiquei querendo um Maverick e GT, cada acelerada um litro de gasolina. O Kosque teve um e vinha para São Paulo em hora e meia. Nos meus vinte anos já, eu queria ter qualquer carro, para me livrar dos ónibus, quando tive um Fusca, lindo, amarelo imperial. Sosseguei, sem sossego, pois aí, o Landau surgiu e fiquei querendo e quem não queria um Ford Galaxie.
Só os que queriam um Alfa Romeo ou uma Éfemil, menos eu que me contentei demais com outro Fusca azul noturno, só perdendo pros carrinhos dos meus filhos. Esses sim um sonho e por esses tempos, fiquei querendo uma Honda Quatrocentos, nada que uma Turuna não a substituísse, depois uma Yamaha DT e outra Honda XL; aqui, pessoal, estou falando de motos, cuja querência acabou aí mesmo. Culpa de labirintite, que ninguém quer.
Nem pelos Monzas tive atração, um pouco pelas Caravan; já um jipe Toyota, daqueles diesel andou me assombrando muito, mas não tive, nem quase. Antes dos importados invadirem nosso país, fiquei querendo aquelas cabines duplas adaptadas. Só que uma Cherokee importada seria bem vinda, mas como eram caros esses carros. Só o Niva, aquele jipe da Lada, tinha bom preço, mais ou menos uns dez mil dólares, todavia o Marcão teve um e esconjurou. Caí fora na minha vontade, menos no tal Passat Pointer, com rodas Rio de Janeiro. Troquei o meu Golzinho das marcas, por ele, lá na Avel de São Bernardo. Durou pouco na minha mão e quando mudou o meu querer por casas, ele foi o primeiro a ir embora, deixando-me a pé, meio sem vontade. Aí, fiquei numa Parati um tempão, depois no Verona.
Voltando um pouco, até guiei uma carreta Scania, matando a vontade, duas, aliás. Uma cento e um, outra cento e onze ésse. Números esses, dos modelos, causando um comichão pelos outros, cento e doze, cento e treze. Também quem não quer uma Scania; continuo querendo.
Já neste século, andei perdendo a vontade de ter carro, por ter ou por um capricho. Carro passou a ser pelo trabalho, trocado pela empresa cada dois anos. Em casa, achei ótimo ter o Polo, tive uns cinco, não no mesmo tempo, claro.
Tive vontade de moto, fui até ver uma Shadow, o que o Doutor António desarticulou no ato - Esqueceu-se da sua labirintite, o cara. As crianças cresceram, foram estudar, trabalhar e cada uma têm o seu transporte, tão bem assim. Dois anos atrás, a empresa quis trocar nossos carros. Ela quis, mas devo dizer que a decisão é minha e do meu sócio, mais vontade dele, que acompanho, pois vale a pena. Veio e disse dos Aessexis, Mitsubishi de tudo. Vamos lá ver, conversa vai, vem; saímos com outro modelo e vocês não vão acreditar, não é que fiquei com aquela vontade, parecida com a do Fissore. Nem pude dizer: Quando crescer quero ter um desse, se já sou crescido até demais. Fiquei administrando essa vontade, voltei lá e peguei uma Outlander. Pensei, não tenho mais tempo para deixar o tempo passar, como deixei o Fissore, nem vou crescer mais, só diminuir, não é. Por isso, neste domingo, vinte e sete de quatro de quatorze, fui almoçar pensando nesta crónica Otelandi.
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