O golpe do comerciante
Quando eu estava na sexta série (que se chamava segunda do ginásio) a professora de inglês deu-nos um texto para ler. Traduzindo, ele dizia que na rua Barão de Itapetininga, na cidade de São Paulo, em meio às elegantes lojas ali instaladas, um dia apareceu sentado na calçada um homem já de certa idade, vestido simplesmente. Ele usava óculos escuros e nas mãos segurava uma caixa. Atrás dele, bem visível, havia um cartaz com os seguintes dizeres: “For the blind”.
Os passantes, com pena do pobre deficiente, colocavam dinheiro em sua caixa. Durante muitas semanas, desde a manhã até o final da tarde, o ceguinho permaneceu no mesmo local recolhendo meios para seu sustento. Um dia, porém, desapareceu.
Quem estava acostumado a passar por ali logo notou sua ausência. Olharam para os lados a procurá-lo e perceberam, então, uma novidade. Bem acima da porta da loja diante da qual ele se sentava, reluzia um lindo toldo. Amarelo. O único do quarteirão. Alguns curiosos chegaram a perguntar pelo cego ao proprietário, mas ele disse não saber do homem.
A verdade é que não podia dizer nada mesmo, pois tinha dado um golpe. O falso ceguinho havia sido contratado por ele. A intenção do malvado era angariar fundos para aquele “yellow blind”, que não só enfeitaria seu estabelecimento, como chamaria a atenção do público. O comerciante estava tranqüilo, não havia pregado uma mentira completa.
Você sabe o que quer dizer “blind”?...
Depois disto outros comerciantes seguiram o exemplo, quer dizer, compraram honestamente toldos coloridos para enfeitar suas lojas.
E a rua mais elegante da capital transformou-se, imitando Paris.
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