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Cronicas-->1954 - Sessenta Quase -- 31/01/2014 - 19:02 (Jairo de A. Costa Jr.) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Quase perto dos sessenta, ainda posso me lembrar de um acróstico: Já nem sei se estou aqui, ali ou acolá, infinitamente minha vida começou... Foge-me o resto, escrito como tarefa de sala de aula, nos meus dezessete; ganhei uma boa nota e li a obra para os colegas, cujas imagens não estão mais comigo, da professora eu tenho uma tênue e um pouco da voz. Outra linha surgiu - nos idos de cinquenta e quatro, maio cinco.
Já tive dez, quando o país passou por uma mudança e eu não tinha a menor ideia do que era o Estado de Sítio, um instrumento do Chefe de Estado. Eu ouvi, não entendi, tive medo e me perguntava por que sítio. Quando eu lia Secretaria da Fazenda, já sabia, era quem cuidava das terras, chácaras e fazendas, até dos açudes e por aí. É, nada disso. Cuida da saúde financeira do Estado. Sabia também que o Secretário do Trabalho era quem tocava as obras e tinha que ser engenheiro, estrada era com ele e como não tínhamos asfalto eu o falava mal sempre. Coitadinho, nada a ver.
Já tive vinte, em São Paulo e o país continuava naquela mudança, eu já sabia mais, não seria mais engenheiro e sabia menos. Não tinha carro, mas tinha namorada, o que fazia dos ónibus e trens uma boa situação. Morava em república de verdade, do país não. Muita carona para São Miguel e boca-de-sino de monte, alta e sem bolso. Zero de gordura e todo cabelo do mundo, menos a promoção que não andava, nem mais salário.
Já tive trinta, seis de casado e dois filhos, um Gol branco e uma crise económica pela frente, éramos duzentos na empresa, ficamos trinta, até os dinamarqueses fecharam a cara e saíram de mansinho. Sobrevivi e ajudei a construir uma máquina de embalar ovos, sem virar omelete. O Alencar comigo, me ensinando as artes da paciência e de comer bem. Época do bigode e dos óculos do esteta óptico Miguel Giannini, que chique. Apesar da crise, ganhava bem e já tinha me tornado Administrador. O País pensava e falava em Diretas-Já.
Já tive quarenta, quarentão e querendo festa. Aconteceu em Junho e todo mundo em casa, sábado todo até de noite. Lembro-me do chapéu Panamá e dos passos da dancinha, além do solão gostoso, mais ótimos convidados, menos um, que não devia e não foi. Leiam esta: ano retrasado, recebi-o na empresa, por obra de uma visita de negócios. Pois ele me achacou e cobrou o convite, com seu sorriso de hiena. Nem fiquei indignado, fiquei pasmo. Voltando a festa, achei melhor ainda. Já tinha ficado em São Miguel por um semestre, voltado e passado por quatro empresas e os sinais do que viria piscando. O País tinha eleição e um presidente praticamente deposto e um Plano por vir. Cabelos a cair.
Já tive cinquenta e neste século, o que já me fazia bissecular. Bobagem, mas... Também seis anos como sócio de empresa e empresário, sem deixar de ser administrador. Coisas que eu gosto de ser eu já era - Empreteco, Silva e Gaivota. Tinha uma camiseta Black No Stress, uma vela e um bolinho, pronto, tenho foto de um cinquentão. O País continuava tendo eleição. A economia dava sobressaltos, a ISO era nossa realidade, mais minha e devo dizer que eu era o Qualichato, achando que podia dar palestras e não é que dei várias. Já tinha passado por onto-coaching, nem me perguntem, mas aprendi a pagar alguns preços.
Já tive enxaquecas, labirintite, refluxos, dores de dentes, de cabeça, de estomago, falta de cabelos, alguns carros, sindopan, várias amizades, muitos amigos, genrex, sócio tivetenho, tive muitos tives e nesta quinta, trinta de um de quatorze, ainda não tenho sessenta, mas estou quase. Aguardem!
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