Para quem está me lendo
Eu agora vou contar
O que está acontecendo
Aqui, do lado de cá
Tô devendo até as calças
Tô sem crédito na praça
Tá difícil de aguentar.
Devo para o meu patrão
E também na mercearia
Devo pro banco e cartão
Para a sogra e pra tia
Devo também na farmácia
E o dono por pirraça
Faz cobrança todo dia.
Fui buscar o meu talão
O banco não quis fornecer
Bloquearam o meu cartão
Meu nome está no SPC
Mas eu não sou caloteiro
Sou somente brasileiro
Sem dinheiro pra comer.
Meu balanço é deficitário
Eu já não seguro as pontas
Com a "merreca" do salário
Não dá pra pagar as contas
O aluguel está atrasado
O telefone está cortado
Minha cova já está pronta.
Ainda ontem apareceu
Um oficial pra me avisar
Que um dos credores meus
Resolveu me acionar
Se eu não cobrir o cheque
A bicicleta do moleque
Penhorada vai rodar.
Já estou ficando louco
Está difícil de viver
O que ganho é tão pouco
Que não dá nem pra comer
E a pressão está demais
Se amanhã acabar o gás
E eu não sei o que fazer.