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cronicas-->Felicidade se Conquista -- 08/01/2014 - 11:38 (flavio gimenez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O mundo lhe dizia em off: "Não é assim, é de outro jeito". Ele acreditava, enquanto os outros se fartavam justamente onde ele se poupava, onde ele moderava nas tintas. Os outros se lambiam na paleta de cores, ele só via uma: A cor dos mandamentos, dez ao todo. Dez? Deveriam hoje ser mais do que estes dez. Veja: Se até a Constituição tem mais coisas escritas, porque só dez? E como transformar dez em uma? Ele conseguia e o mundo não tinha para ele os meios tons que para os outros havia. Quando, em seu trabalho, passava levando suas folhas cheias, sentia o riso às costas das moças que o achavam chato, dos pequeninos que o achavam velho, dos colegas que sempre o aconselhavam e faziam exatamente o oposto. Só ele persistia em sua fé demoníaca, só ele acreditava como poucos que mais não havia senão...A força do que ele sabia ser verdadeiro. E o que era verdadeiro? O que ele ouvia, dos outros, como sendo a sua verdadeira paixão? Ele às vezes duvidava e assim, vivia.
Assim falava o livro, assim dizia nas entrelinhas o mestre gago. Assim dizia, melhor se precaver e ele, cheio de dúvidas, melhor não tinha. E se cuidava, lavava as mãos depois de ir ao banheiro (sabia que ninguém o fazia) gostava de poesia (há os que dizem que é coisa de viado) e adorava as flores. Qualquer um que perguntasse, falava de bate-pronto: Sou assim mesmo, meu pai dizia que o que vale é o que somos por dentro.
Um dia, conheceu uma moça, tímida por princípio e de olhares intensos. Só ele sabia dos intensos flashes de esguelha dela, que só para ele eram dirigidos. Ele passava por ela, ela trazia na fronte um diadema de raro brilho. Será que só ele que via? E via. Via que ela era caprichosa e era contente e que, certas vezes, era muito mais que as flores que amava. Num dia lindo, chegou a ver que, por onde ela andasse, havia como que pétalas brotando aos pés dela.
--Olha, veja bem...
--Mulher que sorri assim...Certamente é mutreta.
--Só olha para você? E a torcida como fica?
--Já dizia o livro...Cuidado com as luciferinas!!! Pecado! Pecado!
--Na..n..na minha oo oopinião...
Querem saber de uma coisa? Essa coisa de seguir conselhos...Se macumba desse certo, o campeonato baiano terminava empatado. Se fé movesse montanhas, os Alpes teriam saído do lugar. No entanto, estão lá, apesar de Stalin, Hitler e a caterva toda. Bom, o rapaz e sua fé, voltemos ao ponto morto. O que vocês acham que deu? Já sei: Ele, como uma tartaruga, entrou em sua casa e ficou olhando as paredes cheias de quadros antigos e jantou como sempre sozinho, acompanhado do zumbido de sua televisão monótona, de duas cores só. Ou ainda, tirando de dentro de sua pastinha de couro puído uma revista de encantos duvidosos, lá ia ele imaginar mais uma vez o que jamais fizera na vida simples e real que existia fora dele. Ou ainda, que, ouvindo os conselhos de todos, ia virar missionário ou pastor. Porque se sentia puro...
Não aconteceu nada disso. Um dia, ele tomou coragem e ela, quando passou, viu nele os lúbricos olhos que já vira em tantos, que ela nem contava mais. E se encantou com seu desajeito, disse sim para ele. Essa coisa de seguir os conselhos de todos os catinguentos do mundo, de ser tão certinho, de seguir a deixa da moralidade e dos bons costumes...Agora é ele que dá os tais.
--Olha, sabe o que eu acho?
--Sim?
--...Acho que estou feliz.
Isso aí.

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