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Artigos-->CORRUPÇÃO INFANTIL -- 05/09/2003 - 10:26 (DANIEL CARRANO ALBUQUERQUE) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O recente escândalo envolvendo parlamentares e outras expressivas personalidades de uma pequena cidade do interior paulista levou a Imprensa, sobretudo a sensacionalista a exaltar seus costumeiros rompantes pseudo moralistas, numa interminável campanha com fins de elevarem seus índices de audiência. Os apresentadores figuram como reais donos da moralidade, bradando adjetivos desapreciadores contra os delinqüentes em nível tão alto quanto o que esperam colher para sua popularidade. A mídia comete esse equívoco do qual poucos se dão conta que é o de objetivar seus próprios interesses em detrimento daqueles do cidadão o que, afinal, seria o correto. Os donos e apresentadores dos programas granjeiam a notoriedade que haverá de se converter sem dúvida, em ganhos políticos ou financeiros. É claro que os meliantes não deixam de merecer tais adjetivos. Alguém que promove bacanais com menores posta-se numa posição que lhe torna difícil qualquer defesa. Tal posição agrava-se ainda mais pelo fato de serem pessoas de nível sócio econômico e intelectual de destaque. O problema é que a indignação emocional que o agitador desperta na multidão, com comentários extremamente simplistas, ofuscam o pensamento e desvia a rota de questionamentos que deveriam ser feitos na procura das razões para o acontecimento de tais mazelas. Tenho a certeza de que na comunidade em que os fatos ocorreram – e estejam certos de que ela não é a única pois tais fatos só vieram à tona por algum erro de percurso, pois devem ser raras as localidades ao longo desse nosso imenso território em que essa lamentável conduta não exista – devem haver pessoas comentando que as meninas não são nenhumas santas, que não foram forçadas, que se beneficiaram como quaisquer prostitutas e que traíram seus parceiros em troca de algum favorecimento por parte dos jornalistas ávidos por notícia. Esse tipo de inversão da condição de vítima em algoz é inevitável em casos polêmicos que num primeiro instante parecem ser tão exatos. A verdade é que menores em geral estão sendo violentadas todos os dias por u’a mídia imoral, através dos programas de televisão, jornais baratos, novelas, revistas, etc.. E essa mesma mídia vem, quando lhe convém converter-se em estandartes da moralidade. Os nossos empolgados apresentadores esquecem-se – ou fingem esquecer – de que estão dentro de uma instituição que mais corrompe crianças e adolescentes. O sexo é um negócio que vende maravilhosamente tanto fora quanto dentro da televisão. Liguem o aparelho de TV e confiram o massacre por assuntos ligados a sexo, pornografia, erotismo, etc. Não que o assunto deva ser excluído, mas é que ocupa obsessivamente o cenário que, junto com a violência detêm audiência e absorve por horas a atenção não só de adultos como de crianças e adolescentes. Às vezes, fico pensando como emoldura-se o cérebro de uma criança que desde que abre pela primeira vez seus olhos, inicia-se a uma rotina que tem o aparelho de TV – e toda a imundície que encerra – como o mais assíduo dos companheiros. Certamente as mocinhas que foram vítimas da violência passaram por esse tipo de doutrinação inconsciente e cresceram convictas de que o convite que lhes foi feito por aqueles homens era algo comum pois assim ocorre no dia a dia da chamada “telinha”. Impregnadas por influências da esfera sexual, vivem na rotina onde tal esfera é dominante e ficam desprovidas da auto censura natural. Afinal, nas novelas, prostitutas são enaltecidas, relações sexuais extraconjugais são a regra, o adultério também e a vida sexual dos personagens é tão desembaraçada quanto fugaz. Modelos que posam nuas recebem um tratamento glorioso pela mídia, numa dissociação da realidade, que, como bem sabemos, por uma questão cultural arraigada, é bem diferente, pois as pessoas de um modo geral as desprezam. A arte, o erotismo e a pornografia se confundem e confundem assim o pensamento e os conceitos de adultos e de crianças mas para a mídia não há diferença, pois o que interessa são os dividendos. Associada à invasão do erotismo equivocado vem o rebaixamento dos conceitos éticos. Recebem aplausos os espertos e gananciosos, os malandros e os irresponsáveis. Os que visam vantagens acima de tudo são estigmatizados como bons partidos para a moçada. Sendo assim, o que se pode esperar daquelas meninas que desde seus primeiros dias de vida convivem com esse tipo de doutrinação? Que desde muito pequeninas ensaiaram, sob os olhares dos pais extasiados, passos de dança como “da garrafa”, “tchan” e outras vulgaridades? Que elegeram, por sugestão dos poderosos meios de comunicação e com a anuência dos pais imbecilizados por aqueles mesmos meios, mistos de artistas com prostitutas, como seus ídolos? E os programas que, investindo em busca de retorno financeiro, exibem menores em trajes e poses sensuais? Não seria uma forma requintada e dissimulada de prostituição infantil? A mídia deveria fazer sua “mea culpa”, ao invés de hipocritamente se postar nessa atitude falso moralista.



Setembro de 2003

Daniel Carrano Albuquerque

E-mail: notdam@bol.com.br

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