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cronicas-->Forma em formas -- 13/11/2013 - 13:13 (Brazílio) |
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Foram compradas juntas, ou em datas bem próximas, uma delas servindo de
chamariz pra outra: as formas de bolo "Imperial". Eram de alumínio, elétricas,
aquela resistência encaixada num disco de baquelite branco em seus fundilhos,
tinham dois ou três tipos de assadeiras circulares, pomposas tampas, e pomposas
às pampas.
Uma foi parar na casa de Vovó e de sua filharada solteirona (Ã época eram 4 moças
quarencinquentonas e um varão, todos empregados na fábrica de tecidos); e a
outra veio pra nossa casa, que tinha papai e mamãe, tão bem operários com sua
prole, proletários, já de petizes vários.
Lá em casa, pelo menos, foi um êxtase a recepção daquele novo utensílio culinário.
Uau, já dava água na boca imaginar os bolos que dali iam sair, além da carne a
assar, só pra reforçar o salivar.
Podiam ser aposentadas as nossas formas preteadas e já amassadas de latão e
a negra caçarola de ferro - até remendada - que vinham servindo à produção de
quitandas e de bolos, tudo na base da brasa - mora?
E se inaugurou a era "Imperial", em meio à nossa feérica expectativa. Acho que o
bolo de minha primeira comunhão teve ali sua confecção, é mister que eu faça esta
confissão. E pela gula, que ainda me açula, peço perdão - e vide bula.
De uso em uso - porém, e com certa restrição, como convém (afinal a energia
elétrica tinha um custo, além da quase certeza de fazer cair o fusível naqueles anos
de bruxuleante iluminação) a bela fórma foi perdendo forma e a pompa ao longo do
tempo. Chegou até a ser abandonada, ela também que ia recebendo os amassos,
riscos e trancos.
Sua irmã-gêmea, a da casa de Vovó, contudo, é que, tratada com o zelo de tia Rita,
bonita, manteve-se sempre faceira, ornando a prateleira. E quase virgem, diz lá
seu selo de origem. Assar bolo, que trabalheira, cousa de tolo, besteira. |
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