Caro Nelson,
Obrigado pela retransmissão do texto do Olavo, que muito esclarece de suas posições. Mas, infelizmente, atacar Rockefeller não faz muito sentido e vejo que não conhece os pensadores da linhagem dita “austríaca”, de von Mises, Hayek, Friedman e Buchanan, e seus sucessores. Olavo não percebe que foi intervenção do Estado, precisamente, nos USA de princípios do passado século, com Hoover por exemplo, que gerou as tendências monopolistas que ele corretamente critica. Foi a época da Grande Depressão, com o respeito místico absurdo na fixação do valor da moeda, quando a moeda é uma commodity como outra qualquer que deve ser racionalmente administrada pelo Banco Emissor, podendo esse ser estatal ou não. Uma economia acorrentada a um grupo de milionários monopolistas ou ao Estado, com sua burocracia, não pode ser uma sociedade livre.
Os libertários mais exaltados chegam a sugerir a privatização da moeda. Você escolheria livremente o dólar, o yen, o franco suíço ou uma moeda do grupo City Corps ou do Banco Sumitomo ou da Société des Banques Suisses.
Sobre educação, também penso como ele, SALVO NA EDUCAÇÃO PRIMÁRIA que creio deva ser obrigatória. Isso por exceção num país com tal percentagem de analfabetos, eis que pais analfabetos geralmente não se dão conta da importância de saber, pelo menos, as matérias do curso primário de alfabetização, história e geografia.
E mais ainda, num caso como o Brasil, uma língua estrangeira, no caso o inglês que se está tornado língua universal, sem a qual estaremos sempre acorrentados ao “continente invisível” e à tradição lusa da Contra-Reforma, com o temor incoercível aos livros em geral e à educação média da população. Lembrem-se que, em certa época, A PROPRIA LEITURA DA BIBLIA ERA PROIBIDA. Há pouco tempo, lembrem-se, a administração do Itamaraty retirou o inglês das línguas essenciais ao curso do Instituto Rio Branco: uma tolice do tamanho do lago de Basília...
No primeiro capítulo de meu livro DA MORAL EM ECONOMIA, explico como o trânsito numa rua ou numa estrada, é um paradigma de uma sociedade liberal: todos são livres de irem para onde bem desejem, salvo que são obrigados a obedecer à lei da mão de direção e ao limite de velocidade ou quaisquer outras obrigações inspiradas na Prudência. Exatamente por isso, para alguns a Prudência é a maior das virtudes, por colore todas as outras...
Cordial Abraço
Meira Penna
www.meirapenna.org
Obs.: O texto do Olavo a que se refere Meira Penna é "Fórmula da composição ideológica de Olavo de Carvalho", disponível em Usina, seção "Ensaios" (F.M.).
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