A moda do momento é falar em apagão. Clichê assumido, Tijolão faz sua parte. Vamos falar da tal crise de energia também. Alguns enumeram dentre os fatores para tal: falta de investimento do governo e das prestadoras no setor; aumento do consumo pela população; desperdício nos setores públicos e privados, etc.
Nota-se desde logo uma (ai!) conjuntura decadente: vícios de mau uso de energia, prestadoras e governo fechando a mão para aumentar a produção e a distribuição da energia elétrica. Mas o que me chamou a atenção mesmo foi o aumento do consumo de energia. Sabe-se pelo último censo que a população do Brasil anda crescendo em níveis aceitáveis, portanto não se pode dizer que temos mais gente gastando mais luz, mas que temos praticamente a mesma gente gastando mais luz.
O governo sempre propagandeou que o Plano (i)Real aumentou o consumo dos bens de consumo (a redundància foi sem querer, juro). Nunca se vendeu tanto ar condicionado, televisor, etc. e etc. Logo, os números que outrora significaram méritos do governo, hoje se tornaram dor de cabeça. Com mais gente comprando, ficou latente que a imensa maioria do que é vendido em termos de eletrodomésticos no Brasil é inadequado em termo de consumo de energia e que o Brasil, talvez o mundo, não tem colhões para suportar que TODOS (em caps lock mesmo, ui!, que fálico!) tenham certas "comodidades" em casa.
Isso, ao menos em termos de valores que definem "rico e pobre", derruba a possibilidade de um dia termos um padrão de vida igualitário na sociedade. A igualdade económica é um mito. Imagina se, do dia prá noite, 20% da população do Brasil, do mundo, puder, como os ricos, comprar ar condicionado, ter 6 televisões ligadas ao mesmo tempo, computador funcionando a noite toda, etc. Caos no sistema de vez. Fala-se em acesso universal à s tecnologias, mas não se tem o fundamental para isso: energia elétrica. E a máxima vale para outros setores: imagina se toda a galera que atrolha o busão de manhã cedo ganhasse um carro, como ficariam as ruas, estradas?
Portanto é isso meu velho, pobre tem mais é que tomar banho de caneca no inverno. E do jeito que a coisa vai, o resto da vida.